Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Honoré de Balzac (1799-185) foi um dos exemplos de vida pouco exemplar. Com uma produção literária invejável, tanto em qualidade como em extensão, foi um dos mais profundos conhecedores do espírito e do psiquismo feminino.
O século XIX foi marcado pelo fracasso da Revolução Francesa, pelo esplêndido e efêmero Império de Napoleão, e pelo surgimento de uma riquíssima burguesia, cujos marcantes valores eram o individualismo, o prazer e a falsidade. Esses homens milionários não tinham limites para satisfação das suas frustrações que a falta de formação interior gerava.
O sexo, o jogo, o dinheiro e tudo o que ele podia oferecer, tudo já tinham. E uma ânsia maior cavava-lhes a entranhas e roía-lhes a alma. Foi então que, do Oriente, chegaram os charutos de ópio e a heroína. E surgiram os Decadentistas e os Vencidos da Vida.
Emergiram com mais força os amantes profissionais. Esses ricos senhores alegraram-se com a presença dos consoladores de suas infelizes esposas. Quando a esposa de um poderoso não tivesse seu parceiro, passava-se a suspeitar da solidez econômica do marido dela.
Foi nesse exato momento histórico que viveu Honoré de Balzac. Foi consolador e amante de diversas dessas infelizes madames. Perspicaz e com senso da mais arguta psicologia, bebeu das doces amarguras das almas e dos corpos delas. Dessas vivências surgiram “Mulher de Trinta” e “A Comédia Humana”.
Balzac misturou sua miséria à delas. Trabalhou desesperadamente para pagar seus desvios financeiros e faleceu apenas aos 51 anos de torturada existência.
Desses espíritos desorientados e infelizes, colheria também, Siegmund Freud, toda sua filosofia e psicanálise.
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