Júlio Cesar |
Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Esta é uma tarefa muito difícil, porque aborda milênios e regiões de diversos continentes, além de referir-se a uma grande diversidade de povos e nações. Não tenho a pretensão de fazer uma abordagem completa, muito menos indiscutível do tema. Isso porque acredito em uma concepção da história fundada em narrativas, sempre marcadas por interesses e visões parciais e limitadas, como não poderia ser diferente, sob meu modo de ver.
Os habitantes pré-romanos da região não deixaram documentos escritos, restando, então, à arqueologia a função de recuperar seus vestígios. Essas investigações mostram que essas terram já eram habitadas há milênios. Porém, grande parte dos europeus continentais os desconhecia completamente, tendo os romanos considerado como “finis terrae”, ou seja, o limite do universo, por muito tempo, como sendo a costa do mar espanhol.
Adriano |
Os romanos antigos já frequentavam as costas dessas ilhas no século IV antes de Cristo, conforme o afirmam estudiosos de renome como Plínio, o Velho, e Diodoro Sículo. Porém, foi somente em 55 e 54 a. C. que Júlio César invadiu as ilhas. A cultura local era de origem celta, como o eram as demais regiões europeias pré-romanas. Os romanos fundaram cidades como Londres e construíram uma grande muralha (entre 122 e 126 d. C.) ao norte no Império de Adriano. Porém, no século V d. C., com o enfraquecimento dos romanos, houve a invasão dos anglo-saxões. A partir do século VIII, iniciaram-se as invasões dos vikings.
UNIFICAÇÃO INGLESA – Eduardo, o Velho, de Wessex, no século IX d. C., inicia a conquista de toda a região, tendo, no início do século X, completado seu intento.
CONQUISTA NORMANDA – Durante o império carolíngio, em 911 d. C., os francos permitiram que um grupo de vikings se estabelecessem na Normandia francesa. Eles adotaram a língua local e o cristianismo e cresceram rapidamente. Seus duque começaram a trocar casamentos com princesas de cortes europeias. Essa troca de casamentos criava problemas, pois, muitas vezes, o mais próximo descendente do rei de um país, reinava já em outro. Em 1066, Guilherme II, Duque da Normandia, um vassalo do rei da França e primo de Eduardo, o Confessor, invadiu e conquistou a Inglaterra, mudando permanentemente a capital de Winchester (capital de Wessex) para Londres.
DIVERSAS DINASTIAS PASSAGEIRAS SUCEDERAM-SE - O final do século XII foi marcado por grande instabilidade política. O rei Ricardo, Coração de Leão, foi participar da Terceira Cruzada e capturado, tornou-se prisioneiro do duque da Áustria. Neste período a nobreza inglesa ganhou grande poder no reino. Os normandos tornaram o trono inglês um dos mais poderosos da Europa, por sua organização e por suas possessões no continente. Porém, tinham pequena identidade com a ilha. Ricardo sequer falava inglês e viveu todo seu reinado no exterior, no entanto, vivia no imaginário popular através de suas conquistas militares.
Depois de pouco mais de nove anos de reinado, Ricardo faleceu. Seu irmão mais jovem, João chegara ao trono em 1199 através de crimes, eliminando outros pretendentes. Além do mais, não tinha terras, pois fora deserdado na partilha do trono de seu pai Henrique II. A CARTA MAGNA - Depois de sucessivos fracassos militares, em 10 de junho de 1215, os nobres do reino impuseram-lhe um conjunto de normas a que o rei se devia submeter. João, sob pressão, assinou o documento. O processo evoluiu para que, em 256, fosse formado o primeiro Parlamento com a participação de cidadãos comuns, já sob o reinado de Henrique III.
GUERRA DOS CEM ANOS - Entre os anos de 1337 e 1453 a Inglaterra enfrentou a França na Guerra dos Cem Anos e saiu derrotada. Foi uma disputa entre a Casa Plantageneta, governantes do Reino da Inglaterra, contra a Casa de Valois, governantes do Reino da França, sobre a sucessão do trono francês. É nessas guerras que aparece a lendária figura de Joana d’Arc, a “Donzela de Orléans” (1412 – 30 de maio de 1431), queimada em público.
GUERRA DAS DUAS ROSAS – Entre 1455 e 1487 ocorreu a Guerra das Duas Rosas. Foi uma guerra civil entre duas importantes nobres famílias inglesas de Lancaster (rosa vermelha) e York (rosa branca), que disputavam o trono. Henrique VII (Tudor), da casa de Lancaster, desposa Isabel de York, pondo fim ao conflito e dando origem à dinastia Tudor.
Henrique VIII |
IGREJA ANGLICANA - No século XVI, no contexto das Reformas Religiosas, enquanto Lutero criava o “Movimento Protestante” na Europa continental, o rei inglês Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica e fundou a Igreja Anglicana, independente dos papas de Roma. Henrique solicitou ao papa Clemente VII a anulação de seu casamento com Catarina de Aragão para casar-se com Ana Bolena, para que lhe desse descentes homens. Como o papa negasse esse pedido, em 1534, separou a Igreja da Inglaterra da Igreja de Roma, separação que permanece até o presente.
REINADO DE MARIA I – (1553/58 - primeira rainha da Inglaterra) - Com a morte de Henrique VIII, sucedeu-lhe Eduardo VI, filho de Henrique com Joana de Seymour. Eduardo era menor e faleceu aos 15 anos. Assume, então, o trono Maria I, filha de Henrique com Catarina de Aragão, e adepta do catolicismo romano. Ela aboliu a Igreja Luterana e lançou o país numa tremenda disputa religiosa. Casou-se com Felipe II, da Espanha, filho do rei Carlos V.
FELIPE I da Inglaterra – (1554/58) Era marido de Maria I da Inglaterra, era príncipe consorte, porém, tinha moedas cunhadas ao lado da esposa. Com o falecimento dela, terminou também seu reinado sobre a coroa inglesa. Nunca residiu na Inglaterra, no entanto, Maria engravidou dele duas vezes. FELIPE E SEU PODEROSO IMPÉRIO - era filho do rei Carlos V de Habsburgo – que, por sua vez, era Imperador do Sacro Império Romano Germânico. Seu pai era também Carlos I da Espanha. Felipe era filho de Isabel de Portugal. Assim, Felipe I, ao assumir a Inglaterra, era também Felipe II da Espanha (1556-1598), de Nápoles, da Sardenha e da Sicília, e de todas as colônias espanholas na América e na Ásia, além do mais, herdou (em1580) o trono de Portugal e suas colônias da América, com a morte de D. Sebastião e D. Henrique de Portugal.
REINADO DE ELISABETH I (1558-1603) – Era filha de Henrique VIII e Ana Bolena. Assim que Maria I faleceu, Isabel assumiu o trono Inglês. Restaurou a religião Anglicana. Era solteira e ficou conhecida como “a rainha virgem”. Em seu reinado, refloresceram as artes e a Literatura. Seu reinado, conhecido como Período Elisabetano. Caracteriza-se por elevada produção literária, especialmente de Shakespeare e Marlowe. Começaram também as grandes navegações com Francis Drake.
DINASTIA STUART – Jaime I (1603-1625). Isabel I morreu em 1603 sem herdeiros, então o rei escocês Jaime VI a sucedeu no trono inglês como Jaime I. Jaime descendia dos Tudor através de sua bisavó, Margarida Tudor, a filha mais velha de Henrique VII.
CARLOS I – (1625-1649) Assume o reino crendo na predestinação divina dos reis, buscando o retorno ao catolicismo, casara-se com Henriqueta Maria de França, católica. Além do mais, recusava submeter-se ao parlamento. Em sua tentativa de reformas entrou em guerra civil contra os nobres e os religiosos liderados por Oliver Cromwell. Foi vencido, preso e executado.
COMMONWEATH OF ENGLAND – Com a execução de Carlos I, assume o poder, provisoriamente, Oliver Cromwell, como 1º Lorde Protetor da Inglaterra, Escócia e Irlanda (1653-1658), num sistema de República Parlamentar. Então, é sucedido por seu filho Richard Cromwell, que assumiu a função em 1658 e renunciou em 1659). Oliver falecera em 1658, se filho renunciara em maio de 1659. A Inglaterra passava por uma profunda crise política. Carlos II vivia no exílio.
Oliver Cromwell |
RESTAURAÇÃO – Em 1660, o trono é restaurado com Carlos II, filho de Carlos I. Em 1685, Carlos II vem a falecer em meio a constantes conturbações políticas. Assume, em seu ligar, o trono Jaime VII da Escócia, como Jaime II da Inglaterra.
REVOLUÇÃO GLORIOSA – GUILHERME III - No século XVII (1688 a 1689) ocorreu a Revolução Gloriosa, que significou a queda do absolutismo. Neste processo, a monarquia inglesa perdeu poder para o Parlamento, tendo inicio o regime parlamentarista. A Revolução Gloriosa foi um evento, em grande parte não violento (por vezes chamado de revolução sem sangue, que teve lugar no Reino Unido entre 1688 e 1689, no qual o rei Jaime II, da dinastia Stuart, católico, foi removido do trono da Inglaterra, Escócia e País de Gales, sendo substituído por sua filha protestante, Maria. Maria era casada com Guilherme III de Orange, Holanda, que, por seu lado, tinha laços sanguíneos com a corte inglesa. A escolha de Maria visava ao trono de Guilherme, por interferência de um movimento de intelectuais ingleses liderados pelo filósofo John Locke, que buscavam o fortalecimento do Parlamento. Desde esse momento, os reis passaram a estar sujeitos ao parlamento.
Maria II passou a ser co-monarca do Marido, Guilherme III, até o falecimento dela 1694. Guilherme reinou até a morte em 1702. Pela morte de Guilherme III, sucedeu-lhe a irmã de Maria II, Ana I e seu marido consorte Jorge I (da Dinamarca). Em 1707, morre Ana.
REINO UNIDO DA GRÃ-BRETANHA (Inglaterra, Escócia e País de Gales) – Em 1707 a Escócia foi anexada pela Inglaterra. O Ato de União de 1707 colocou fim ao Reino da Inglaterra e ao Reino da Escócia, criando o Reino Unido da Grã-Bretanha (Inglaterra, Escócia e País de Gales).
IMPÉRIO BRITÂNICO – A Inglaterra foi expandindo seus domínios com a criação de colônias em todos os continentes. Foi o maior império em extensão de todo o mundo. No reinado de Henrique VIII (1509-1547), os ingleses se lançaram à conquista do mundo. Começaram pela expansão da indústria naval e o comércio internacional.
Em 1579, Drake chegou à Califórnia e tomo posse daquelas terras em nome da “Coroa Britânica”, chamando-as de Nova Inglaterra. Porém, somente no século seguinte é que Jaime I, tendo derrotado a Invencível Armada Espanhola. Assinaram, então, um acordo conhecido como Tratado de Londres, que encerrava as hostilidades com a Espanha. Acontece que os espanhóis traziam seus galeões repletos de tesouros, provindos da América e da Ásia. Os piratas, geralmente patrocinados pela corte inglesa, saqueavam essas embarcações. Havia uma concepção de que aquilo era fruto de roubo, portanto, não tinha origem legítima.
Então, a Inglaterra passou a invadir regiões e criar seu próprio império colonial. Criaram a grande colônia na América do Norte, que, no auge, incluía os Estados Unidos e o Canadá. Em 1600, organizaram a Companhia Britânica das Índias Orientais que se foi expandindo por séculos, chegando à dominação completa da atual Índia e do Paquistão.
Paralelamente a isso, criaram enormes colônias em território africano. Levavam para a Europa e para o mundo metais preciosos, produtos agrícolas. Criaram, a partir do século XIX, com a revolução industrial, um poderoso parque, cuja produção rendeu lucros incríveis à coroa britânica. Nos meados do século XIX, houve uma forte corrida pelo comércio de drogas, mormente o ópio e a heroína, com incremento do cultivo da papoula e seus subprodutos nas ricas terras da Ásia. Esse comércio era oficial por parte dos governos de Inglaterra e França.
Porém, aconteceram os conflitos de interesses. Primeiramente entre a Inglaterra e a França, que, por seu lado, desenvolvera seu império não menos poderoso. O Império Francês congregava inúmeras colônias na África, toda a China e o Sudeste Asiático, bem como parte da América do Norte, como o Canadá e a Luisiana, que depois negociaram com os Estados Unidos. Como o poderoso Império Austro Húngaro não se tivesse dedicado fortemente ao colonialismo, surgiram grandes conflitos pela disputa de mercado. Britânicos e franceses não permitiam a penetração do produtos industrializados germânicos em seus impérios, chegando mesmo a criar sistemas de pesos e medidas diferenciados para dificultar as concorrências.
Vieram, então, os conflitos militares. Duas grandes guerras que provocaram perdas incalculáveis para ambas as facções. Os bancos passaram a financiar o desenvolvimento da tecnologia militar e os aparatos de guerra. Financiaram a destruição e ganharam mais ainda com a reconstrução. Nesse momento, inicia a desmobilização das colônias. Chegou-se à conclusão que é mais lucrativo dominar o mercado e a moeda, do que subjugar povos com os quais se contraem compromissos sociais. A esse sistema passou a denominar-se de neocolonialismo, processo que a tecnologia sofistica cada vez mais, havendo verdadeiras manipulações das crises e do progresso.
SURGIMENTO DO REINO UNIDO – Inicia-se a Dinastia de Hanover, com Jorge I, Jorge II, Jorge III que inclui a Irlanda do Norte, formando o Reino Unido (United Kingdom).
Rainha Vitória |
REINADO VITORIANO – Depois de Jorge IV e Guilherme IV, surge o reinado da Rainha Vitória. (1837-1901). Era filha do Príncipe Eduardo, e sobrinha do Rei Guilherme IV. Teve um longo reinado de 63 anos, o mais longo de toda a Inglaterra. Casou-se com o príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gota em 1840, quando já estava no trono. Tiveram nove filhos, porém Vitória nunca lhe confiou nada de importante na administração do reino.
Vitória assumiu o trono do Reino Unido com apenas 18 anos de idade. Herdou também o trono da Hanover, Alemanha, mas não pode assumir pelo fato de esse trono ser reservado somente a membros do sexo masculino.
Alberto, seu marido, era também seu primo. Por isso, tiveram problemas de hemofilia na família. Ele era muito afável para com ela. Era carinhoso e ela o amava muito. O casal real foi morar no Palácio de Buckingham. A harmonia conjugal, seus hábitos simples e puritanos, tornou-se um modelo para a Inglaterra. Sem escândalos e com nove filhos, era uma transformação radical na imagem que se fazia da monarquia. Tudo parecia prometer uma era de harmonia, estabilidade e progresso. No entanto, os primeiros anos da "Era Vitoriana" estavam muito longe dessa sonhada prosperidade.
Elisabeth II |
As lutas contra o exército napoleônico e o bloqueio continental, impediram por longo tempo, a entrada dos produtos ingleses na Europa. A situação das classes desfavorecidas era das mais difíceis, na Inglaterra e na Irlanda. A fome tomava conta da população. Em 1844, uma praga atingiu as plantações de batata. Uma epidemia atacou o rebanho suíno. Mais de um milhão de camponeses abandonaram o campo, em busca de trabalho nas fábricas.
Em 1846, para reduzir a crise, foram abolidas as leis protecionistas, permitindo a entrada de trigo estrangeiro, na Inglaterra. É instaurado o sistema de livre câmbio, abrindo os mercados da Europa, para os manufaturados ingleses. A política inglesa era dominada pelo primeiro ministro Gladstone.
DINASTIA DE WINDSOR – À rainha Vitória, sucedeu seu filho Eduardo VII, depois seu neto Jorge V. O nome Windsor foi adotado em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial. Foi alterado de Saxe-Coburgo-Gota por causa do sentimento antigermânico no Reino Unido. Seguiram-se os reinados de Eduardo VIII e Jorge VI. Por fim, estamos no Reinado de Elisabeth II, filha de Jorge VI. Eduardo VIII reinou de 1936 a 1952 e renunciou em favor do irmão Jorge para casar-se com uma socialite.
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