segunda-feira, 30 de setembro de 2019

HISTÓRIA DE ISRAEL DESDE O SEU SURGIMENTO NO CONJUNTO DAS NAÇÕES


O surgimento do povo de Israel, na história da humanidade, perde-se nos caminhos de um passado distante e confuso, causado pelas diversas narrativas, traduções e interpretações, nem sempre muito confiáveis. Além do mais, quase quatro milênios nos separam do início da Israel antiga.
Segundo a narrativa bíblica, Abraão é o primeiro patriarca do povo judeu. O Livro do Gênesis, que é o primeiro livro da Torá judaica e da Bíblia cristã, afirma que o patriarca nasceu em Ur dos caldeus
Assim, narra o primeiro livro do Pentateuco: "Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei pai de uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra." (Gn 12: 1-3).
O livro do Gênesis narra a criação do mundo e do homem, os primeiros filhos de Adão e Eva, Caim e Abel, o dilúvio, com Noé e seus filhos Sem, Can e Jafé. Essa narrativa toma os dez primeiros capítulos da obra. Os demais quarenta capítulos abordam a história de Abraão e seus descendentes. Isso demonstra a importância desse patriarca na narrativa sagrada.
Ainda, segundo o mesmo livro, afirma-se que Abraão era um rico fazendeiro. Tinha muitos rebanhos, camelos e gado miúdo. Além do mais, tinha muito ouro, prata e pedrarias, bem como vastas porções de terras. Diz ainda o Gênesis: "Abrão havia enriquecido muito, era proprietário de muitas cabeças de gado, possuía muita prata e ouro também." (Gn 13: 2).
Os primeiros cinco livros da Torá e da Bíblia são conhecidos como Pentateuco. Isso porque, naquele tempo, os livros eram rolos de papiro ou de pergaminho. Pela origem grega, o Pentateuco (em grego Πεντάτευχος - sendo que a etimologia formadora do nome liga-se a πέντε (cinco) e τευχος (rolo)). Portanto, o Pentateuco engloba os cinco primeiros livros da Bíblia.
Torah

Segundo este texto clássico, o povo judeu originou-se de Abraão. Esse patriarca nascera, como se disse, em Ur, uma próspera cidade da Caldeia. Nesse tempo, a Caldeia e a Assíria eram dois reinos que dividiam a posse da Mesopotâmia e formavam os povos mais prósperos, sábios e seguros desse período da história universal. Não confundir a Assíria com a Síria, país que existe até hoje, cuja capital continua sendo Damasco. A Assíria, cuja capital era Nínive, e a Caldeia, que tinha por capital a cidade da Babilônia, ocupavam as terras do atual Iraque.
Dois rios cercam a Mesopotâmia: o Tigre, na fronteira oriental, e o Eufrates, na fronteira ocidental. Esses rios, que deságuam no no Golfo Pérsico, tornam a região entre ambos muito segura, além de fornecerem água para homens e animais, além de servirem para irrigação dos campos.
Pois Abraão abandonou seus campos e a casa de seu pai e, obedecendo o chamado divino, partiu para uma terra desconhecida, obedecendo apenas a voz divina.
Primeiramente, subiu com seus gados, escravos, camelos e riquezas pela margem do Eufrates, isso porque, caso se afastasse do rio, teria que percorrer o deserto, o que tornaria a viagem impossível. 
Por muito tempo, seguiu em direção à nascente do Eufrates, percorrendo a distância de mais de 900 km. Não se possui nenhum dado sobre o tempo que dispendeu para chegar até Harã, um cidade que se situa atualmente na Turquia. Nesse tempo, fazia parte do território da Síria. Deve ter dispendido anos nesse trajeto.

Em Harã, Hareh, pai do patriarca, faleceu. Abraão construiu um altar e um túmulo para seu genitor. Feito isso, seguiu sua caminhada, agora na direção Sul. Depois de alguns anos de peregrinação, chegou ao Egito, pois uma grande estiagem assolava a região do rio Jordão, à qual se destinava, segundo indicação divina. Comprou trigo e dirigiu-se a Canaã, conhecida como a terra onde corria leite e mel.
Canaã era uma região de fartura: produzia frutas, uvas, mel, entre outros alimentos, que deram a esta terra uma referência de “terra que mana leite e mel”.segundo o livro bíblico do Êxodo. (Ex 3: 8).
Abraão foi testado por Deus para que provasse até onde chegaria sua fé. Primeiramente, sua esposa Sara, que se aproximava dos 60 anos, parecia estéril. Ela zombava do marido dizendo: Como vais ter uma enorme descendência se eu sequer posso dar-le um filho. Chegou ao extremo de permitir que Abraão tivesse um filho com a escrava deles de nome Agar. O menino chamou-se Ismael.
Por fim, com mais de 60 anos, Sara engravidou e gerou um menino que recebeu o nome de Isaac. Há uma tradição, segundo a qual Sara, com o nascimento de Isaac, teria expulsado Agar e Ismael de sua casa. Ismael seria o filho de Abraão que teria dado origem ao povo palestino, que originariam todos os povos árabes, também monoteístas, conforme o Corão, seu livro sagrado.
Deus põe novamente à prova o seu servo Abraão. Pede que ele sacrifique, em sinal de sua fé, o seu filho único. Caminhavam em direção ao monte Moriá.
"Então Abraão tomou a lenha do holocausto e a colocou sobre os ombros de seu filho Isaac, e ele mesmo levou as brasas para preparar o fogo, e o cutelo. E, enquanto caminhavam os dois juntos, Isaac chamou por seu pai, Abraão: 'Meu pai!' Ao que replicou prontamente Abraão: 'Sim, meu filho!' Então Isaac indagou: 'Eis o fogo e a lenha, mas onde está a vítima para o holocausto? Assegurou-lhe Abraão: 'Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o holocausto', e continuaram a caminhar ambos juntos." (Gn 22: 7 e seguintes).
"Abraão construiu um altar e sobre ele arrumou a lenha. Amarrou seu filho Isaac e o colocou sobre o altar, em cima da lenha. Então estendeu a mão e pegou a faca para sacrificar seu filho. Mas o Anjo do Senhor o chamou do céu: 'Abraão! Abraão!' 'Eis-me aqui', respondeu ele. 'Não toques no rapaz', disse o Anjo. 'Não lhe faças mal. Agora sei que você teme a Deus, porque não me negou nem mesmo seu filho, o seu único filho.' Abraão ergueu os olhos e viu um carneiro preso pelos chifres num arbusto. Foi lá pegá-lo, e o sacrificou como holocausto em lugar de seu filho. Abraão deu àquele lugar o nome de Moriá, cujo sentido é 'Senhor Proverá'. (Gn 22: 10-14).
Isaac casou-se com Rebeca e dela teve dois filhos gêmeos: Esaú e Jacó. A mãe, com ardis, enganou o marido, que estava cego, e fez com que ele desse para Jacó, a bênção da progenitura, que o pai prometera a Esaú.
Jacó, por seu turno, casou com Lia e Raquel, duas irmãs, filhas de um primo de Rebeca, chamado Labão. É preciso esclarecer que nesse tempo havia a poligamia em Israel. Também Jacó foi ludibriado pelo sogro. Jacó desejava casar-se com Raquel. Para isso, deveria trabalhar para Labão por 7 anos.
Quando o jovem cumpriu a exigência do sogro, esse disse-lhe que na família dele, não se poderia casar uma filha mais nova antes da mais velha. Assim, casou-o primeiramente com Lia, exigindo-lhe mais sete anos de trabalhos para, enfim, casar-se também com Raquel. O poeta Camões faz uma soneto que termina com esse verso: "Mais servira se não fora, para tão longo amor, tão curta a vida".
Raquel era a amada do patriarca. Ela, porém, deu-lhe apenas dois filhos: José e Benjamim. Lia foi mãe de sete dos filhos de Jacó (mãe de seis dos patriarcas das Doze Tribos de Israel), seis filhos homens, Ruben, Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulom, e uma filha, Diná. (Gn 29:32-35; 30:16-21). Raquel, vendo que não podia concorrer com a irmã, oferece ao marido a criada dela Bila, como uma terceira esposa para Jacó, que concebeu dois filhos (Dan e Naphtali), nomes escolhidos por Raquel. Lia responde à irmã, oferecendo a sua criada Zilpa, como uma quarta esposa para Jacó, e Zilpa concebeu dois filhos (Gade e Aser). Assim se formaram as doze tribos do povo judeu, tendo sido cada um dos filhos homens de Jacó responsável por cada uma tribos de Israel. A tribo de Levi ficou responsável pelas funções religiosas e pela manutenção do templo.
As demais tribos proviam o sustento dos membros dessa tribo. Onze dos doze filhos de Jacó migraram para o Egito por ocasião de uma grande seca e falta de alimento em Canaã. Acontece que José, um dos filhos de Jacó com Raquel, havia sido vendido como escravo para mercadores que se dirigiam para o Egito. José, por sua capacidade e lisura de comportamento, tornara-se ministro do Faraó.
Continuando a saga desse povo no caminho de sua formação, vem o Livro do Êxodo, o segundo do Pentateuco, que narra a volta do povo judeu do Egito para sua pátria, Canaã, a terra de onde corre leite e mel, como foi dito. Depois de muitos anos na terra dos faraós, (430 anos) os judeus se haviam tornado tão numerosos que passaram a ter a reprodução controlada pelo estado. Moisés, um menino judeu, nascera sem a permissão das autoridades locais.
Porém, salvou-se por ser adotado pela filha do faraó. Moisés foi criado junto com o filho do Faraó. Não há certeza qual faraó tenha sido contemporâneo de Moisés. Uma afirmação contestada é que se trataria de Ramsés II. Há também algumas fontes que afirmam que esse faraó seria Tutmés III. Todos os estudiosos concordam, porém, com a afirmativa de que que Moisés foi criado na corte egípcia. Isso explica uma grande influência dos cultos egípcios nos cerimônias dos templos judaicos, bem como na filosofia de vida que orientou o futuro desse povo.
Prosseguindo na história do povo judeu, vem o Livro dos Juízes, que trata da administração de Israel depois da volta do Egito até o estabelecimento dos reis. 
O processo administrativo dessa nação, depois de Moisés, ficou ao encargo dos juízes com influência do Sumo Sacerdote. Segundo uma tradição, Moisés não teria entrado na terra de Israel, na volta da diáspora do Egito. Depois de quarenta anos errando por desertos e oásis, chegaram a Canaã. Com seu irmão Arão, contemplou Moisés a terra prometida do alto do monte Nebo, de onde ainda hoje se pode contemplar o vale com o rio Jordão, o Mar Morto e as cidades de Jerusalém e Jericó.
Arão acompanhou a morte de Moisés e o sepultou no alto desse monte, em 1507 a. C. Desde esse momento, Arão tornou-se Sumo Sacerdote, e constituiu os juízes como administradores do estado. O povo hebreu não via com bons olhos esse sistema de governo. Por que eles não tinham um rei, como os demais povos da região?
De Arão a Samuel, somaram-se oito Sumos Sacerdotes. Sendo Sumo Sacerdote o sábio Samuel, sob pressão popular, criou-se o sistema monárquico, ficando o Sumo Sacerdote com as funções religiosas, os juízes com as funções judiciais e o rei respondia pela administração do estado.
Os Livros dos Reis I e II narram a história dos reis de Israel, tendo a escolha recaído sobre Saul, que se tornou, então, o primeiro rei de Israel. Esse reinou de 1030 a.C a 1000 a.C. Com a morte de Saul, foi sagrado o rei Davi (1000 a. C. a 962.) e depois Salomão (962 a.C. a 931). Com a morte de Salomão, em 931 a. C., divide-se o reino em dois: Reino de Israel, com dez tribos com capital em Samaria; e, ao sul, o Reino de Judá com duas tribos, tendo como capital a cidade de Jerusalém. O nome Judá deu origem ao substantivo judeu.
O enfraquecimento do estado de Israel teve como resultado o exílio do povo para a Babilônia - O povo judeu, em 598 a.C., foi deportado para a Babilônia. Veja-se que, no tempo de Jacó e seus filhos, o povo judeu tinha migrado voluntariamente para o Egito, por causa das secas e da fome em sua própria terra.
Nesse país, se havia multiplicado muito. Acabara escravo dos habitantes das margens do rio Nilo. Aí permaneceu por mais de quatro séculos. Esse período é conhecido como primeira diáspora, palavra que significa dispersão.
A deportação para a Babilônia foi conhecida como segunda diáspora. A cidade de Jerusalém foi cercada pelas tropas do rei da Babilônia Nabucodonosor II. O Reino de Judá rendeu-se e seu povo foi deportado para a escravidão. Os babilônios saquearam o templo e roubaram parte dos tesouros aí guardados. O jovem rei Joaquim foi levado como escravo e os cidadãos da elite, os artífices, os oficiais militares foram deportados também.
Surgiram, então, os profetas da transição. O principal deles é Isaías (765 e 681 a. C.), o qual preconizou o surgimento do messias, que libertaria o povo do domínio estrangeiro.
Nabucodonosor nomeia Zedequias, tio do rei Joaquim, como rei vassalo, para tomar conta dos judeus que haviam permanecido na Judeia. Onze anos depois da deportação, os judeus restantes do Reino de Judá rebelaram-se. Os exércitos babilônios voltaram a Samaria e a Jerusalém, destruíram o magnífico templo que Salomão construíra, bem como toda a cidade de Jerusalém e deportaram grande parte da população que restara. Pouparam apenas os mais pobres e os inválidos.
Nesse período, surgiram os profetas do exílio como Jeremias, que compõe seus poemas conhecidos como Lamentações. Também Ezequiel e Daniel escrevem suas profecias desde os campos que margeiam os rios da Babilônia. O povo se reúne, canta e chora as amarguras do exílio e da escravidão. Somente em 537 a.C., 61 anos depois da primeira deportação, o rei Persa Ciro II, que tomara a Babilônia, permite, através de um decreto, que os judeus retornem à Palestina. Começam a reconstrução da cidade de Jerusalém e do novo templo.
No século IV antes de Cristo, toda essa região foi dominada por Alexandre Magno, da Macedônia, que derrotou Dario III da Pérsia e transferiu a sede de seu governo para a cidade da Babilônia, que era, a essa época, capital do império persa. Alexandre passou a ser o soberano de todo o Oriente Médio.
Porém, no século primeiro antes de Cristo, os omanos anexaram todo o Oriente Próximo a seus domínios, passando Israel a receber o nome de Província da Judeia.
O povo judeu era monoteísta, cultuando Javé no mais famoso dos templos judaicos, que é conhecido como templo de Jerusalém, ou templo de Salomão. Esse lugar privilegiado de oração foi destruído mais de uma vez. A primeira e mais famosa construção foi feita pelo sábio e poderoso rei Salomão, no lugar onde tradicionalmente se afirmava que Abraão teria feito do sacrifício de seu filho Isaac. Nabucodonosor II, da Babilônia, o destruiu.
O segundo templo foi construído no lugar do primeiro depois do retorno do exílio da Babilônia, sob a orientação de Zorobabel. Esse templo foi sagrado em 516 a.C.
Herodes, o grande, rei de Jerusalém no tempo de Júlio César, fez uma reforma desse templo, no primeiro século antes de Cristo. Os judeus acusavam Herodes de profanação do templo. Esse rei de Jerusalém é acusado de profanação do lugar sagrado, pois havia construído, no conjunto da obra, a Torre Antônia, uma guarnição do exército romano que tinha acesso direto ao templo.
Esse templo também foi destruído, no ano 70 da era cristã, pelo general romano Tito Flávio, filho e sucessor do Imperador romano Vespasiano Flávio, não sendo mais reconstruído até hoje. depois de mais de dois mil anos. Desse templo, resta apenas o muro das lamentações, respeitado ainda agora como lugar sagrado de oração.
Passaram-se dois milênios e, finda a segunda grande guerra mundial, foi criada a ONU para resolver pendências restantes e para evitar novos conflitos depois de tantas perdas e desgraças.
Em 1947, Osvaldo Aranha, político brasileiro e gaúcho de Alegrete, ligado a Getúlio Vargas, chefiou a delegação brasileira nesse novo órgão e foi nomeado como primeiro presidente da Assembleia Geral da ONU. 
Nessa função, liderou o lobby para a recriação do estado de Israel na mesma região, às margens do rio Jordão, onde ficava Israel nos tempos de Jesus Cristo. Em Tel Aviv, primeira capital do Estado de Israel moderno, há um monumento a Osvaldo Aranha. Em Jerusalém existe outro monumento também reconhecendo o esforço do político brasileiro em favor do povo judeu.
Acontece, porém, que essas terras eram então, depois de dois mil anos, habitadas pelos palestinos. As comissões da ONU criaram a Faixa de Gaza, um minúsculo território entre Israel, o Egito e o mar Mediterrâneo.
O território dessa faixa tem 41 quilômetros de comprimento e apenas de 6 a 12 quilômetros de largura, com uma área total de 365 quilômetros quadrados. A sua população, porém, é de cerca de 1,7 milhão de pessoas.
Para se ter um termo de comparação, é um território como o de Rio Grande ao Povo Novo, com doze quilômetros de largura e com uma população de quase dois milhões de habitantes. Porto Alegre tem hoje em torno de um milhão e meio de habitantes.
Veja-se o tamanho conflito que tudo isso provocou. Somem-se mais as situações das diversas nações árabes, descontentes com o não cumprimento da promessa de, pelo apoio aos exércitos aliados na guerra mundial, a unificação dos árabes em um grande império. Não somente não houve a unificação, como, pelo contrário, a área dos muçulmanos foi partilhada em mais de uma dezena de países, chefiados por políticos inimigos entre si.
Creio que este estudo possa esclarecer um pouco os conflitos e os problemas dos povos do Oriente Próximo, também conhecido como Oriente Médio, ou Levante, pois está no nascer do sol, em relação à Europa. O povo judeu, que se transferiu para a nova República de Israel, era mais culto, mais rico  do que os países que constituem essa região. Além do mais, como os judeus são proprietários de uma rede mundial de bancos, Israel recebe aporte financeiro para ser um dos países de maior índice cultural, econômico e militar de todo o mundo.

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