Posted by Thoth3126 on 08/10/2020
RAMAYANA (O Caminho de Rama), uma epopéia Hindu
Ramayana (devanágari: रामायण, transl. Rāmāyaṇa) é um épico sânscrito atribuído ao poeta Valmiki, parte importante do cânon hindu (smṛti). Ele consiste de 24.000 versos em sete livros, cantos (kāṇḍas) e conta a história de um príncipe, Rama de Ayodhya, cuja esposa Sita é sequestrada pelo demônio Rākshasa, o rei de Lanka, Rāvana.
Seus versos são escritos numa métrica de trinta e duas sílabas chamada de Anustubh. Como os épicos mais tradicionais, como passou por um longo processo de interpolações e redações, é impossível datá-lo com precisão (a história é pré-dilúvio). O Ramayana teve uma importante influência na poesia sânscrita posterior, principalmente devido ao uso da métrica Sloka …
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RAMAYANA (O Caminho de Rama), uma epopeia Hindu
… Mas, como o seu primo épico, o Mahabharata, o Ramayana não é só uma história ordinária. Contém os ensinamentos dos antigos sábios hindus e os apresenta através de alegorias na narrativa e a intercalação do filosófico e o devocional. Os personagens de Rama, Sita, Lakshmana, Bharata, Hanumān e Rāvana (o vilão da obra) foram e são todos fundamentais à consciência cultural da Índia ao longo de sua longa história.
Sobre o autor do Ramayana (o caminho de Rama)
Valmiki Rishi (rishi = sábio) vivia nos Himalayas executando severas austeridades em meditação. Chegou a um ponto em que todo o seu corpo foi envolvido por um formigueiro, mas isso não incomodou o asceta, que, mantinha-se indiferente a esses desconfortos que afligiam seu corpo. Devido à sua austeridade e concentração, ele chamou a atenção dos semi-deuses, que pediram ao semi-deus Indra que o visitasse e descobrisse o propósito de sua meditação, visto que ele já influenciava todo o planeta com sua dedicada meditação.
Indra compareceu à presença de Valmiki. Após trocarem reverências, Indra indagou a Valmiki qual seu propósito em executar austeridades tão severas. Valmiki informou a Indra que desejava obter todo o conhecimento dos Vedas. Indra apontou para ele três montanhas ao longe, depois pegou três punhados de terra do solo e explicou a Valmiki Rishi que as montanhas eram como os Vedas e os punhados de terra eram como o conhecimento obtido até então pelo sábio.
Certamente que é impossível para alguém conhecer todo o conteúdo dos Vedas, mas que Valmiki (com o pouco que aparentemente sabia) já era comparável com a maioria dos grandes rishis ou sábios. Melhor seria parar de meditar e começar o ensino dos Vedas para o benefício das pessoas em geral, pois ele já tinha suficiente conhecimento obtido em suas três vidas anteriores. Assim Valmiki, em obediência a Indra, desceu os Himalayas e fundou seu ashram (eremitério ou mosteiro), ou ainda, sua academia de ensino aos pés dos Himalayas, onde compartilhava o conhecimento védico com seus alunos, dos quais Bharadwaja era o mais íntimo e se tornaria o mais famoso dentre seus discípulos.
Valmiki Rishi é conhecido como o Adi-kavi (Poeta Primordial), pois foi ele o primeiro a compor toda uma narrativa épica na forma de versos. Como um grande sábio, Valmiki Rishi tinha seu mosteiro próximo ao Rio Tamasa, num local de colinas e florestas verdejantes, não muito distante do Sagrado Ganges, onde vivia, cultivava e ensinava o conhecimento dos Vedas juntamente a seus discípulos. Devido à sua pureza e ascese um dia ele foi visitado também pelo Grande Sábio Narada Muni, que é uma personalidade tão exaltada, que pode viajar por todo o Universo Material, bem como nos infinitos Universos da Esfera Espiritual.
Narada Muni é o Sábio Santo que viaja em todas as esferas da criação, ensinando e cantando as glórias do Senhor Supremo (Krishna), motivado pela compaixão à todas as entidades viventes e impulsionado pelas ondas sonoras produzidas por seu instrumento musical, a Vina. Após receber dignamente o grande Narada e prestar-lhe as devidas reverências, Valmiki propôs-lhe a seguinte pergunta.
“Meu querido e reverenciado Narada, ó maior entre os sábios, diga-me, por favor, – Quem é aquele que (possivelmente) pode ser pleno de todas as virtudes nesse mundo? Que é possuidor de toda perícia e conhece o que é correto? Que é consciente acerca dos deveres e responsabilidades a serem executados, veraz em seu falar e firme em suas resoluções? Quem é essa pessoa que seja correto em sua conduta, que tenha todo o conhecimento, que seja amigo e amável para com todos os seres vivos, e que, ao mesmo tempo seja poderoso e de aparência extremamente louvável? Que seja cheio de esplendor, e adorado até pelos deuses? Por favor, Eminente Sábio Narada, humildemente eu peço, fale-me dessa pessoa, se é que ela possa existir . . .”
O Grande Sábio Narada Muni, que possui conhecimento sobre Toda a Verdade, e que está além do nascimento e da morte, ao ouvir os apelos de Valmiki Rishi, em grande deleite espiritual falou as seguintes palavras: “Ouça, Ó Melhor entre os Ascetas, considerando seu apelo, eu descreverei com alegria sobre as glórias desse herói. Alegre-se em ouvir de mim, sobre tal Pessoa, dotado de todas essas múltiplas e raras qualidades que você acabou de descrever. . . Existe (sim) um descendente da Dinastia do grande Iksvaku, conhecido por todos pelo nome de Rama.
Ele controla sua mente por completo, é poderoso, radiante e determinado, possui o conhecimento sobre todas as Ciências, é conhecedor dos Vedas e do propósito dos Vedas, é justo, nobre, benevolente e o melhor amigo de todos os seres viventes. Ele mantém todos os universos, é belo, forte e poderoso, é uma réplica (manifestação) de Sri Vishnu; ainda assim, Ele é muito simples e seu sorriso encanta a todos, pois Ele é inigualável e inesquecível, para todos que O conhecem . . .”
E assim, o Grande Sábio Narada Muni, contou ao Sábio Valmiki Rishi sobre a vida e extraordinários feitos de Sri Rama. Depois disso, Narada Muni terminou sua narrativa recebeu as devidas reverências de Valmiki, abençoou-o e desapareceu tão de repente como se fosse o flash de um relâmpago, numa tempestade sobre o mar.
Alguns dias depois, o sábio se dirigia com seus discípulos ao Rio Tamasa, para fazerem suas abluções, orações, meditarem e tomarem seus banhos matinal; descendo pelas margens do rio, foram até uma cachoeira, onde as águas eram límpidas como a mente de um rishi. Lá, Valmiki contemplava a beleza da natureza local quando avistou um casal de pássaros animados no galho de uma frondosa árvore, prestes a copular, em pleno fogo da paixão. Neste momento, um membro de uma tribo primitiva, lançou sua flecha atingindo em cheio o macho, que caiu ruidosa e mortalmente ferido ao chão.
A fêmea deu um grito de lamento e tristeza ao ver seu parceiro caído, peito dilacerado, dando seu último suspiro. Valmiki estava chocado com a crueldade do caçador, pois as aves estavam felizes, na expectativa de iniciarem uma família. Por isso o Rishi pronunciou as seguintes palavras: “Que você, ó mais baixo dos homens, não tenha paz em sua mente até o final dos tempos. Sua crueldade é tão grande, pois você foi capaz de matar uma das aves, no exato momento em que estavam tomadas pela felicidade e paixão”.
Imediatamente Valmiki, que era um sábio auto-controlado, maravilhou-se de que ele próprio tivesse proferido tais palavras. Então, com o propósito de minimizar uma possível maldição, ele confidenciou aos seus discípulos: “O que eu acabei de falar, é apenas o exemplo de uma estrofe poética, construída segundo a métrica de oito linhas e que pode ser recitada de forma melodiosa, não devendo, portanto, ser entendido como nada, além disso,”.
Pouco depois, o Senhor Brahma, o engenheiro criador do Universo, visitou o eremitério do Rishi Valmiki que o recebeu com grande reverência e emoção. Após observar as regras de etiqueta prescritas nas Escrituras para a recepção de grandes personalidades espirituais, Valmiki, abençoado pelo Senhor Brahma, narrou o episódio sobre as aves e de seu receio em ter amaldiçoado um caçador ignorante. O Senhor Brahma sorrindo falou-lhe as seguintes palavras: “Oh jóia entre os eremitas, não mais pense sobre isso. Asseguro-lhe que nada acontecerá àquele caçador.
Que a estrofe que você proferiu, seja utilizada como modelo para que você descreva as glórias do divino Senhor Rama, exatamente como você ouviu do Grande Narada Muni. Eu lhe dou o poder para que toda a gloriosa vida do Senhor Rama seja revelada em sua mente, e que tudo que você escreva seja a mais pura expressão da verdade. E que isso seja para o benefício de toda a humanidade e perpetue a sua glória, ó melhor dos videntes.”
Assim o grande Rishi Valmiki, tomou como o dever de sua vida escrever em forma poética o Ramayana, o grande épico composto em 24.000 slokas (versos), distribuídos em 7 skandas (livros), escrito em Sânskrito, utilizando uma linguagem refinada, de um lirismo dos mais sublimes e que narra a gloriosa e divina presença do Senhor Ramachandra, descrito como a própria encarnação de Sri Vishnu. Valmiki Maharishi (maha = grande, rishi = sábio) estava constantemente ocupado em compor os 24.000 versos que descrevem as glórias do Senhor Ramachandra.
Um excerto do Ramayana:
Havia um rei santo chamado Dasharatha, possuidor de todas as virtudes, descendente de Ikshvaku e que tinha a capital de seu reino na cidade de Ayodhya, ao norte da Índia. Nessa época, Ayodhya era a capital de um reino que se estendia por todo o mundo. Ayodhya experimentava absoluto progresso, seus cidadãos eram felizes e virtuosos e todos no reino (inclusive os animais e plantas) viviam em perfeita harmonia.
Dasharatha tinha três rainhas consortes: Kaushalya, Sumitra e a mais jovem, chamada Kaikeyi. Delas, o rei recebeu quatro filhos, príncipes virtuosos: Rama (herdeiro do trono e filho de Kaushalya), Lakshmana e Satrúghna (gêmeos nascidos de Sumitra) e Bháratta (nascido de Kaikeyi). Todos possuíam conhecimentos e grande sabedoria, tendo sido treinados pelos maiores mestres nas ciências materiais e espirituais.
Como estivesse muito idoso, Dasharatha estava desejoso de se aposentar dos afazeres reais e queria passar a administração do reino ao seu filho primogênito, o príncipe Rama. Como pré-requisito para se tornar o príncipe regente, primeiro Ele deveria desposar uma princesa. O Rei Janaka, do reino de Mithila (situado no território de Videha), estava promovendo um encontro real, para a escolha do príncipe que desposaria sua filha, Sitadevi, que era uma jóia entre as mulheres, plena de todas as virtudes espirituais, de rara beleza, inteligência e educação.
Tornar-se-ia seu esposo, aquele que conseguisse equipar um arco com o fio, esticando-o adequadamente e, em seguida, disparar uma flecha. O arco foi presenteado ao Rei Janaka pelo Senhor Shiva e precisava de vários homens fortes apenas para ser carregado. Dobrá-lo, então, e fixar a sua corda, ou fio, era tarefa quase impossível. Entretanto muitos príncipes concorreram, atraídos pelas qualidades e beleza de Sitadevi. A maioria dos candidatos nem conseguiu levantar o arco e os pouquíssimos que conseguiram levantá-lo, não puderam dobrá-lo e equipá-lo com o fio.
Sri Rama foi o único que levantou o arco, colocou o fio, atirou a flecha e em seguida quebrou-o ao meio, assim como um elefante quebraria um bastão de cana de açúcar. Todos ficaram maravilhados. Mais ainda, quando Sita aproximou-se do Príncipe Herói, presenteando-O com uma guirlanda de flores, reconhecendo Sua vitória sobre os outros pretendentes e aceitando-O como seu Noivo. Todos puderam perceber a beleza e harmonia que existia entre o casal real.
Sitadevi tinha todas as características e marcas transcendentais em seu corpo que completavam as marcas divinas, características de Sri Rama. Os sábios presentes tiveram certeza, de que, mais que uma princesa proveniente de uma destacada linhagem real e perfeitamente adequada a se tornar a consorte de Sri Rama, Ela O completava de tal maneira que era impossível imaginá-LOS separados. Sitadevi era mais que uma princesa real; ela era a própria shakti do Senhor Ramachandra, assim observaram os diligentes sábios.
Todos os arranjos para a cerimônia de casamento (vivaha) foram feitos, o que atraiu muitos rishis, semi-deuses (devas), sacerdotes brahmanas, anjos cantores (gandharvas), seres celestiais com suas esposas (apsaras), príncipes (rajs) e reis (maharajs) de todos os lugares. Estavam presentes todos os familiares das duas casas reais e a atmosfera era de júbilo e felicidade transcendentais.
O sacrifício de fogo (agni-hotra), executado pelos sacerdotes Brahmanas na cerimônia de casamento, contou com a presença do Semi-deus do fogo pessoalmente, Agnideva, e toda a arena de sacrifício estava decorada com sinais auspiciosos, muitas flores e frutas. Havia uma multitude de cores, aromas e cânticos de mantras. Neste exato momento, o centro de toda a criação foi transferido para Ayodhya, pois o local estava impregnado da mais pura energia espiritual. As cerimônias e festividades duraram vários dias.
Finalmente, passado o período das festividades matrimoniais, os Raghavas (descendentes de Raghu), liderados pelo Rei Dasharatha, ultimaram os preparativos para a cerimônia de coroação de Sri Rama, como Príncipe Regente. Neste momento, Kaikeyi, a esposa mais jovem, aproximou-se do Rei Dasharatha e lembrou-lhe de uma promessa feita pelo Rei, alguns anos antes, quando os príncipes ainda eram crianças.
O Rei Dasharatha, em reconhecimento pela devoção e amor de sua jovem rainha, prometeu-lhe atender qualquer pedido que esta lhe fizesse. Kaikeyi, pediu-lhe que no devido curso do tempo, entronasse seu filho, Bháratta, como príncipe regente. e. mais tarde, quando da morte do Rei, Bháratta seria coroado o Rei de todo o Reino. Tudo isso em detrimento do direito real, conferido por natureza a Sri Rama.
Quando o problema foi levado à corte e todos ficaram sabendo, houve muitos protestos, primeiro do próprio Bháratta, que não concordava em tomar o lugar de seu querido irmão, Rama, e mais veementemente de Lakshmana o qual, inclusive, usou de palavras fortes, para criticar a atitude de sua própria mãe, a Rainha Kaikeyi.
Todos os sacerdotes e ministros do Reino condenaram essa possibilidade. Sri Rama, entretanto, sabedor do caráter reto e justo do Rei Dasharatha, concordou em ceder o trono a seu irmão Bháratta, para preservar a palavra empenhada por seu pai. Sri Rama, assegurou à sua madrasta, a Rainha Kaikeyi, que ficasse certa de que a promessa que seu pai fizera, seria cumprida.
Diante disso, só havia uma possibilidade para o Príncipe Rama e sua esposa Sitadevi: ambos teriam que sair do Reino e viver no exílio. Uma vez que todo o mundo era parte do Reino, Sita e Rama deveriam evitar as áreas urbanas, isto é, para minimizar Sua influência, o Senhor Rama agora teria que viver nas florestas!
Toda essa situação causou imenso sofrimento aos habitantes de Ayodhya e deixou o Rei Dasharatha visivelmente abatido, em dor e lamentação. Lakshmana resolveu que não abandonaria seu irmão e deveria ir com Ele, viver no exílio. Todos os habitantes de Ayodhya seguiram, com muito dor, a carruagem que levava os dois irmãos e Sitadevi até as fronteiras da cidade, às margens das imensas florestas. O Príncipe Bháratta a todo momento se recusava a aceitar essa situação.
Chegando próximo às florestas, Rama dispensou a carruagem e pediu que todos retornassem, pois Ele, Sitadevi e Lakshmana seguiriam sozinhos pela floresta, caminhando. À medida que adentravam na floresta, passavam por diferentes ashrams (mosteiros) e eram recepcionados pelos rishis eremitas. Inicialmente, Sri Rama, Sitadevi e Lakshmana foram para a floresta de Chitrakut, onde construíram cabanas feitas de galhos e folhas de palmeiras.
O Rei Dasharatha, devido a grande descontentamento ficou muito triste, e , em conseqüência, partiu desse mundo. Bháratta, então, foi novamente visitar seu irmão, Rama, para persuadi-Lo a voltar a Ayodhya e ser devidamente entronado como o Rei. Não obstante todos os argumentos apresentados pelo seu irmão Bharatta, Sri Rama convenceu-o a voltar e governar Ayodhya, pois isso estabeleceria em definitivo a palavra empenhada por seu pai, que era reconhecido como um Rei santo.
Bharatta, em sinal de humildade e obediência, tocou os pés de Rama, e, coletando a poeira dos pés de seu irmão, colocou-a sobre sua própria cabeça. Depois disso, coletou água de um rio próximo e lavou os pés de Seu irmão. Sri Rama com muita afeição pelo seu irmão mais novo, presenteou-o com suas sandálias feitas de madeira de sândalo (daí vem a origem do nome sandálias) e Bháratta prometeu colocá-las no trono, como sinal de que Rama era o verdadeiro Rei de Ayodhya e de que Ele estaria sempre presente, mesmo representado por suas sandálias.
Após retornar, Bháratta governaria o Reino a partir da cidade de Nandigrama, cerca de 30 quilômetros de Ayodhya, para que todos soubessem que embora ele governasse, Ayodhya e o trono pertenciam a Sri Rama.
Após esse incidente, Rama, Sitadevi e Lakshmana, finalmente estabeleceram residência na floresta de Dandaka onde construíram duas novas cabanas de palhas: uma para Sitadevi e Rama e outra para Lakshmana. Sri Rama escolheu essa floresta por ser um local de acesso dificílimo, onde eles poderiam ficar totalmente isolados dos cidadãos de Ayodhya e, assim, seu irmão Bháratta poderia governar (por si mesmo) o Reino, livrando-se pouco a pouco de Sua influência.
Coincidiu que nesse período, alguns espíritos malignos (rakshasas), detentores das piores tendências, aterrorizavam os habitantes das florestas: humanos, plantas e animais. Não conseguiam, todavia, se aproximar dos rishis e dos mosteiros, mas causavam terror aos outros habitantes.
Divertiam-se dando gritos tão terríveis, com o único propósito de causarem abortos nas mulheres e fêmeas grávidas. Apareciam de súbito diante dos idosos (humanos e animais) que morriam do susto causado pela presença assustadora e repugnante desses terríveis demônios rakshasas. Usavam de poderes mágicos para manipularem a mente das criaturas, fazendo com que elas tivessem alucinações e morressem devido a doenças ou se jogassem de precipícios.
Quando viam árvores frondosas e belas, passavam seus excrementos nos caules, de sorte que as árvores perdiam suas flores, seus frutos e secavam, afetadas por terríveis doenças. Poluíam os rios e lagos com suas urinas e causavam grandes distúrbios e devastação ambiental.
Sri Rama, ao tomar conhecimento dessas atrocidades, partiu, juntamente com Lakshmana à procura desses espíritos malignos, matando-os aos milhares. Havia uma feiticeira muito má, chamada Shurpanaka, que chefiava esses demônios. Ela era a feiúra personificada. Tinha uma aparência horrível, hálito de peixe podre e seu corpo exalava um terrível mau-cheiro. Ao ver a força de Sri Rama, ela tomada de curiosidade e desejo (luxúria) sexual, aproximou-se d’Ele, fazendo propostas numa linguagem vulgar, imprópria para a época. O Senhor Rama, que era a própria manifestação da virtude, manteve-se calmo, transcendental a esses insultos.
Sorrindo, Ele falou de maneira gentil e educada para a feiticeira dizendo: “Ò linda e gentil senhora, qualquer homem sentir-se-ia feliz ao seu lado. Mas eu já sou casado com Esta senhora que está ao meu lado, chamada Sitadevi, Princesa do Reino de Mithila. Não obstante, aqui também está presente meu valoroso irmão, o Príncipe Lakshmana, que ainda não sendo casado, está a procura de uma esposa adequada como só a senhora pode ser”.
Shurpanaka ficou muito alegre, e aceitou Lakshmana como seu futuro esposo. Lakshmana, entretanto, para se livrar da situação, assim falou para a feiticeira: “Ó grande e bela senhora, eu sou o irmão mais novo d’Este valoroso Príncipe de beleza inigualável. Eu nada tenho e sou mantido por Ele. Pois sou apenas como Seu servo, e nada poderia oferecer à uma senhora bela como você. Eu acho que Ele não continuaria ao lado de Sua esposa Sitadevi, caso tivesse a senhora ao Seu lado, pois a sua beleza, certamente faria com que um homem pensasse apenas e tê-la, ó formosa senhora, como única esposa”.
Nesse momento, Shurpanaka não entendendo a ironia dos dois irmãos, partiu em direção à Sitadevi, disposta a matá-La, pensando em livrar-se d’Essa rival e conquistar o amor de Sri Rama. Lakshmana, porém, tomado por súbita repugnância e em defesa da vida de Sitadevi e do respeito que Rama merecia, usou da espada e cortou o nariz e as orelhas dessa infeliz obsessora. Vendo seu rosto desfigurado pela espada de Lakshmana e, por esse motivo, não conseguindo remediá-lo com seu poder mágico, ela deu um horrível grito e desapareceu.
Shurpanaka era a irmã do poderoso Ravana, o chefe dos demônios, que reinava em Sri Lanka e queria dominar o mundo, através da força e da degradação. Era também seu irmão Kumbhakarna, que estava sempre a dormir e, quando acordava, matava pessoas. Os terríveis demônios Khara e Dushana eram seus irmãos mais jovens. Vibhishana, seu terceiro irmão, entretanto, era uma alma piedosa, cheio de virtude e nada tinha a ver com seus outros quatro irmãos demônios rakshasas.
Ravana tinha uma forma horrível, com dez cabeças e muitos braços, Era muito poderoso, em força física e em poderes mentais. Tão logo soube da aniquilação de milhares de rakshasas (demônios) e da desfiguração de sua malévola irmã, Ravana ( que possuía uma forma horrível de dez cabeças, foi tomado de incrível ira, e com muito ódio prometeu vingança. Enviou seus irmãos Khara e Dushana (juntamente com milhares de demônios) para matarem Rama e Lakshmana. Todos foram imediatamente aniquilados pelos Príncipes irmãos.
Isso apenas aumentou a ira de Ravana. que convocou a ajuda de um demônio chamado Marícha. Este, embora fosse muito mau, aconselhou a Ravana para não se indispor com os dois Príncipes residentes em Dandaka. Ravana não lhe deu ouvidos e ordenou-lhe participar do plano. Ora, Marícha dominava o poder de assumir qualquer forma que quisesse e de emitir qualquer som.
Assim, durante uma manhã, enquanto estavam despreocupados coletando flores e frutos, um lindo cervo dourado apareceu nas imediações das cabanas de palha onde moravam Sitadevi com Seu esposo Rama e Lakshmana, chamando Sua atenção.
Sita, devido a Sua natural inocência, pediu a Rama que pegasse aquele lindo cervo, pois Ela o queria como animal de estimação. Sitadevi fora criada para ser uma princesa, como filha do Rei Janaka. Estava vivendo uma vida de provações, desprovida de quaisquer dos confortos a que estava habitualmente acostumada. Isso, já era demais para a pobre Sita, pensou Seu esposo, que não media esforços para aliviar os inconvenientes a que Sua amada estava submetida.
Lakshmana desconfiou de que o cervo fosse Maricha disfarçado e comunicou este fato ao Irmão. Rama, entretanto, só pensava em satisfazer sua amada Sitadevi, e não ouviu aos conselhos de Seu irmão mais novo. Enquanto Ramachandra saiu à procura do cervo, no intuito de satisfazer o desejo de Sua amada esposa, Lakshmana, permaneceu alerta, em defesa de Sitadevi. O cervo dourado era muito esperto, e não permitia ser agarrado pelo poderoso Rama. Ora, o cervo não era outro senão Marícha disfarçado, o qual levava Sri Rama para local cada vez mais distante, para mais dentro da densa floresta.
Em dado momento, Lakshmana e Sitadevi ouviram gritos de Sri Rama, pedindo por ajuda. Sitadevi ficou muito agitada e pediu a Lakshmana que fosse ao socorro de seu irmão mais velho. Lakshmana, todavia, ficou desconfiado, pois sabia que não era possível que o poderoso Rama pudesse estar correndo algum tipo de perigo e recusou sair de perto de Sua cunhada, pois prometera a Seu irmão não abandoná-la em hipótese alguma.
Sitadevi, devido ao grande medo de perder Seu amado, Rama, usando de palavras fortes, ordenou a Lakshmana que fosse ao socorro do irmão. Admoestou Lakshmana de que Ele estava interessado na morte de Sri Rama, para que Bharatta assumisse o trono. Lakshmana entendia que a confusão mental de Sita era apenas devido ao fato de que Ela não suportava a menor possibilidade de viver sem Rama, o Seu amado consorte.
Assim, Lakshmana concordou em ir procurar Sri Rama, apenas para acalmar Sitadevi. Pois sabia que nada podia acontecer ao Seu irmão. Tomou seu arco e desenhou um círculo em torno da cabana onde moravam Sita e Rama, pedindo-lhe que por hipótese alguma, cruzasse o círculo para fora ou o apagasse deixando alguém entrar na casa, dizendo-lhe que Ela era protegida do Semi-deus do fogo, Agnideva e que se alguém tentasse cruzar o círculo seria imediatamente reduzido a cinzas. Após partir, Lakshmana entrou na floresta á procura de Sri Rama.
Assim que Lakshmana partiu, aproximou-se da cabana de Sitadevi um brahmana mendicante de aparência gentil e pacífica. Ele indagou de Sita se Esta poderia dar-lhe algo de comer. O brahmana parecia muito meigo e puro, falando sempre de maneira humilde, com as mãos postas, fato este que induziu Mãe Sitadevi a recebê-lo, e fazer-lhe alguma caridade. Permitindo que o gentil sacerdote entrasse em sua casa (ao apagar o círculo que a protegia),
Ela apenas agia de acordo com as injunções das Escrituras Sagradas, motivada pela bondade e pureza de Seu coração. Tão logo entrou na cabana de palha, o brahmana de imediato revelou sua real identidade e intenção. Ele era o terrível demônio Ravana, que tinha diante de si a delicada e gentil Sitadevi, a origem de todas as virtudes femininas. A personificação da inocência e da pureza.
Depois de apreciar a beleza de Mãe Sita, Ravana demonstrando desejo e luxúria em se tornar Seu esposo, raptou-A, levando-A em sua aeronave vimana. No caminho, foram interceptados por Jatayu, um poderoso e fiel amigo de Rama, que, para proteger Sitadevi, travou uma heróica e mortal luta com Ravana. Jatayu, lutou bravamente, infligindo golpes certeiros no adversário.
Com muita força e destreza, Jatayu cortava os muitos braços do rakshasa, mas logo em seguida outros braços surgiam, como se fossem serpentes venenosas que, feroz e desesperadamente, emergiam de um formigueiro prontas para atacar o que estivesse pela frente, movidas por dor e loucura. Jatayu, contudo, sentindo o peso da idade, finalmente caiu, mortalmente ferido pelo cruel Ravana.
Após ferir gravemente o bravo e fiel Jatayu, Ravana, o líder dos demônios, agarrou Sitadevi violentamente pelos braços e levou-A consigo. Todos os seres na floresta de Dandaka sentiram imensa e súbita angústia. Os sábios nos mosteiros ficaram aflitos, as aves e animais ficaram todos nervosos, a brisa parou por completo e o Sol escondeu seu brilho. Maus presságios, caíram sobre Dandaka, quebrando sua paz e harmonia. Toda a Natureza se entristeceu, pois tudo e todos mergulharam na mais densa escuridão .
Sri Rama, exausto pelos truques do cervo dourado, parou por um instante. Sem pensar por alguns segundos em Sita, Ele pôde verificar a verdade sobre o cervo. Descobriu de imediato que este era não outro senão o próprio Maricha disfarçado. Isto foi suficiente para que mudasse de idéia sobre pegar o cervo vivo, sem machucá-lo. Então sacou de Seu arco e flecha e disparou uma flechada certeira, matando Maricha imediatamente, o qual, pouco antes de morrer, revelou sua forma como um horrível demônio e deu um grito muito alto pedindo ajuda, numa voz parecida com a de Sri Rama. Foi este o pedido de ajuda ouvido por Sitadevi e Lakshmana.
Rama pensava em Sitadevi, e do perigo que Ela estava exposta. Pensou no grito dado pelo demônio, imitando Sua voz e de como isso poderia afetar Sua esposa e Seu irmão. No caminho de volta à Sua cabana, Ele encontrou o Seu amigo Jatayu, mortalmente ferido, que contou-Lhe sobre o rapto de Sitadevi pelo rakshasa Ravana. Após narrar o incidente, Jatayu deu um suspiro, seus olhos fixos em Sri Rama e seu semblante feliz, pois tinha diante de si, o Objeto de sua eterna meditação.
Jatayu morreu nos braços do seu amado Rama, e assim foi elevado ao Reino Espiritual, de onde jamais retornaria. Logo após executar as cerimônias de cremação do corpo de Seu fiel e devotado amigo Jatayu, Rama, no caminho de casa, encontrou-se com Seu irmão. Conversaram sobre os acontecimentos e retornaram para o local de suas choupanas, na expectativa de encontrarem Sitadevi.
Durante o percurso, os dois irmãos observavam os sinais não-auspiciosos (de desordem e tristeza) que encontravam na floresta. A apreensão dEles apenas aumentava. Finalmente ao chegarem, o local estava vazio. O círculo feito por Lakshmana estava rompido e Sitadevi lá não estava. Sri Rama em grande lamentação perguntava a Seu irmão “Onde está Sitadevi, a Rainha do território Videha ? Onde está a bela Sita, a origem de todas as virtudes, que segue-Me por todos os lugares, que é Meu próprio pensamento e mais importante que Minha própria vida ? Oh Lakshmana”.
Após ser consolado por Seu irmão mais jovem, os dois Príncipes, filhos de Dasharatha, adentraram na floresta, em busca de Sitadevi. As árvores, os animais, as montanhas e até os insetos davam dicas, sobre a provável direção que Ravana, o líder dos espíritos malévolos, tinha levado a Princesa de Mithila. Em Suas buscas, os dois valentes e virtuosos Príncipes encontravam todo tipo de demônios, ocupados em barrar-Lhes o caminho. À medida que caminhavam, Rama e Lakshmana destruíam esses rakshasas aos milhares.
Encontraram, então, um ogro de forma monstruosa, chamado Kabandha que, após ser mortalmente ferido, narrou sua história aos dois irmãos. Kabandha, em uma vida passada, tinha uma forma bela, devido à sua bondade, penitências e caridade aos demais. Era, todavia, brincalhão e irreverente e gostava de assumir uma forma monstruosa para assustar e fazer gozação com as pessoas. Um dia, aproximou-se de um Rishi (com o propósito de assustá-lo), chamado Sthulashira, que era austero e rígido em seus princípios.
O Rishi não ficou assustado com a forma monstruosa de Kabandha, entretanto, não gostou nem um pouco de sua irreverência e castigou-o com a seguinte maldição: “Você vai permanecer por muitos anos nessa forma monstruosa”. Kabandha desculpou-se do Rishi dizendo que era apenas uma brincadeira. O Rishi acedeu, dizendo. “Tudo bem, eu aceito suas desculpas. Então eu o abençôo a que, após muitos anos nessa forma monstruosa, um dia, numa floresta distante, após ser cremado pelo Divino Rama, você assumirá sua forma original, e, mais que isso, retornará ao mundo espiritual”.
Após contar sobre sua vida, Kabandha disse reconhecer em Sri Rama, aquele mesmo Rama que o Rishi havia prometido, em sua bênção. Ao dar seu último suspiro e depois de ter seu monstruoso corpo cremado pelos dois irmãos, Kabandha, surgindo das labaredas do fogo, apareceu em sua forma originalmente bela e refulgente, e aconselhou ao Senhor Ramachandra para procurar Sugríva e ensinou o caminho a chegar até o mesmo, pois ele seria de grande valia, na busca por Sitadevi. Depois disso, Kabandha alcançou a liberação desse mundo. Sugríva era um valoroso e justo Rei, chefe dos hominídeos, gorilas e macacos que viviam próximos ao Lago Pampa, aos pés das Montanhas Rishyamuka.
Após raptar a bela e casta Sitadevi, Princesa de Mithila e esposa de Rama, Ravana, o poderoso rakshasa, levou-A até seu reino, situado no Sri Lanka. Ao chegar, ele foi recebido por toda a cidade que em festividades comemorava a chegada de seu líder. Todas as ruas e avenidas estavam repletas de demônios rakshasas, exultantes e embriagados por vários tipos de bebidas e substâncias inebriantes.
Depois de ser saudado por seus seguidores nas avenidas de sua capital, Ravana, orgulhoso de ter Sitadevi como seu troféu, dirigiu-se a seu palácio, onde foi recebido pela corte de demônios de toda espécie. Lá, ele tentou conquistar a simpatia de Sitadevi, primeiro oferecendo-Lhe muitos presentes valiosos, como jóias e palácios. Depois falou de si mesmo, se auto-elogiando, tentando convencê-LA de que ele poderia ser um esposo adequado.
Sitadevi, que em nenhum momento sequer parava de pensar em Seu amado Rama, recusou todas as propostas do repugnante Ravana, dizendo-lhe que Ela tinha apenas Seu esposo em pensamentos e dentro de Seu coração. Rama era Sua mente, Sua alegria e Sua vida. Ela era Sua companhia constante e os votos de fidelidade que tinha para com Seu amado esposo, eram o motivo maior de Sua vida.
Ravana ficou muito irado, e disse-lhe: “Você, é muito bela, mas também muito tola. Jamais verá novamente Esse Seu Rama. Eu pessoalmente O matarei. Depois disso, para demonstrar minha compreensão e tolerância, darei um período de doze meses, para que Você, observe Sua viuvez e tire de Sua mente a imagem d’Esse herói, que já estará morto.
Sitadevi, que também era a personificação da castidade feminina, ocupava-se apenas em permanecer, dia e noite, sentada no bosque de ashokas, sem nada comer, apenas mantendo Sua devoção e amor, dedicados a Sri Rama, em profunda meditação.
Mas eu advirto: caso Você não me aceite como esposo, prometo que entregarei Você a meus queridos amigos, eles cortarão Seu corpo em pedacinhos, e eu terei o maior prazer em comê-los num suntuoso banquete!”. Ravana, então, ordenou a seus subordinados que levassem Sitadevi para o bosque de árvores ashokas que circundava o palácio, pois Sitadevi recusava em aceitar a hospitalidade, o teto, os alimentos, objetos ou qualquer facilidade, proveniente de uma criatura tão baixa e vulgar, como esse demônio Ravana. Sitadevi sequer levantava Seus belos olhos de lótus, para olhar a figura de um ser tão repugnante.
Dirigindo-se para o Lago Pampa, Rama e Lakshmana cruzaram florestas muito densas, sempre seguindo a direção indicada por Kabandha, que tinha finalmente obtido sua forma original e a liberação desse mundo material de provações e aprendizado. Cruzaram florestas de árvores suntuosas em flores e frutos até chegarem, após vários dias de caminhada, às margens do Lago Pampa. Lá, encontraram o mosteiro (ashram) de uma poderosa, sábia e santa senhora, chamada Sháberi.
O mosteiro era completamente inacessível. Ninguém nele poderia penetrar, sem consentimento interno. Sri Rama e Lakshmana foram recepcionados pela bondosa Sháberi, que os recebeu com devoção e humildade, lavando-Lhes os pés, as mãos, e oferecendo-Lhes todo o tipo de flores e frutos. Após esse encontro, Sháberi atingiu o mais alto grau de perfeição espiritual e os dois irmãos seguiram viagem, rumo à margem oeste do Lago Pampa. Chegaram finalmente à base da Montanha Rishyamuka, território do reino de Sugriva.
Sugriva tinha um irmão chamado Váli, o qual tinha tomado seu reino, e o condenado ao exílio. Vali era de mentalidade demoníaca e tinha acordos com os ogros. Rama e Lakshmana ajudaram Sugriva a derrotar Váli que pereceu na batalha e entronaram Sugriva em seu direito genuíno ao trono, trazendo finalmente a paz aos habitantes de Rishyamuka.
Sugriva e seu amigo Hanuman tornaram-se os mais fiéis e devotados amigos de Rama e Lakshmana. Após ouvirem as desventuras dos Príncipes de Ayodhya, desde o exílio até o rapto de Sitadevi, decidiram ajudar na recuperação da Princesa de Videha, a amada consorte do Senhor Rama. Sugriva sentiu simpatia pelos Príncipes irmãos, pois Eles tinham uma história em muitos aspectos semelhante a sua.
Gradativamente, a amizade entre Sugriva e Hanuman para com Sri Rama e Lakshmana, cresceu até se transformar em pura devoção. Hanuman era mais que um amigo, era um devoto fiel, tendo Sri Rama como seu amado Senhor. Constantemente meditava em Sita-Rama e Os tinha sempre em sua mente e em seu coração. Hanuman, o maravilhoso e sábio homem-macaco, depois de alguma procura, descobriu o paradeiro de Sitadevi em Sri Lanka. Chegou à cidade, e matou muitos ogros. Ao encontrar Sitadevi no bosque ashoka, deu-Lhe um anel, dado por Sri Rama para ser identificado por Ela como um amigo e aliado confiável.
Hanuman contou-Lhe sobre a chegada iminente de Seu amado esposo, dizendo-Lhe que ficasse confiante pois sua liberdade estava próxima. Hanuman foi então surpreendido por alguns demônios e teve que lutar com eles. Depois de matar algumas dezenas de ogros, Hanuman fugiu do palácio de Ravana e retornou para Rishyamuka. Ao chegar, prestou suas reverências ao Senhor Ramachandra e contou-lhe onde tinha encontrado Sitadevi, que estava bem, apesar de muitos dias sem se alimentar.
Planos foram urgentemente feitos para a invasão ao Sri Lanka, terra do impiedoso Ravana. Ao chegarem às margens do oceano, ao sul do sub-continente indiano, Sri Rama, ordenou ao Oceano que drenasse suas águas ao nível mais baixo possível. Feito isso, milhares de macacos e hominídeos, começaram a construir uma fabulosa ponte, colocando imensos blocos de pedra sobre o leito do estreito marítimo que separa os dois reinos.
Com a maior brevidade possível, Sri Rama, Lakshmana, Sugríva e Hanuman (ajoelhado), juntamente com os outros macacos, estavam diligentemente empenhados na construção da ponte que os levaria a Sri Lanka.
Em seguida o exército de hominídeos e macacos, liderados por Sugriva e Hanuman, em companhia de Sri Rama e Lakshmana, cruzou o estreito que separa Sri Lanka da Índia, invadindo de surpresa a cidade governada pelo maligno Ravana. A batalha foi um evento épico, de proporções inimagináveis. Os macacos liderados por Sugríva e Hanuman, atacaram os ogros aos milhares. Muitos macacos pereceram, mas todos os ogros foram exterminados. Após a grande batalha, Sri Rama abençoou os macacos e heróis que combateram de Seu lado e haviam perecido em combate.
Como que despertando do sono, todos eles retornaram à vida e não houve lamentação de perdas. Também não havia feridos entre aqueles que combateram ao lado de Sri Rama. Os ogros mortos em combate, ascenderam à planetas celestiais (onde teriam uma chance de regeneração), pois embora houvessem lutado contra Sri Rama, pereceram em Sua Presença, e isto, por si só, era um grande merecimento.
Ravana e outros que pereceram diretamente pelas mãos do Divino Rama, foram imediatamente transferidos à esfera espiritual. Pois, garantem os Vedas, sendo o Senhor transcendental às dualidades materiais, não há qualquer diferença entre Sua Ira, Seu Amor, Compaixão etc. Seu toque imediato é suficiente para aniquilar todas as reações advindas de karma ou maus hábitos. Dessa forma, mesmo sendo um terrível demônio, se alguém for tocado diretamente pelas mãos de Sri Rama, ou morto por ele, alcança a mesma destinação das almas mais perfeitas.
O Senhor Rama sentiu grande alívio ao resgatar Sua amada Sitadevi. Todos os sábios e rishis, os cidadãos do globo, semi-deuses e todas as criaturas estavam igualmente aliviados. A Paz e Harmonia estavam restabelecida. Vibhishana, o piedoso irmão de Ravana foi entronado como Rei do Sri Lanka. Todos os cidadãos justos de Sri Lanka, que tinham fugido para as florestas durante o reinado de Ravana, retornaram para suas cidades, felizes por um recomeço promissor.
Sri Rama, matou Ravana em um único combate, sem qualquer possibilidade para uma vitória do Demônio. Todos os espíritos malignos foram aniquilados do globo inteiro. Sri Rama recebeu de presente dos semi-deuses um vimana chamado Pushpaka. Juntamente com Srimati Sitadevi, Lakshmana, Hánuman, Sugríva, Vibhishana e outros, Ele voou de volta para Ayodhya, parando antes no mosteiro de Bharadwaja, de onde enviou Hanuman para avisar Seu irmão Bháratta de Sua iminente chegada.
Bháratta e todos os cidadãos de Ayodhya finalmente ficaram felizes com a chegada de seu Rei, Ramachandra. Kaushálya, Sua mãe, e outros membros da família real estavam igualmente felizes. Bháratta pessoalmente fez todos os arranjos para a coroação de Seu irmão como o devido Rei de Ayodhya.
No momento da coroação, diante da assembléia de sábios, rishis, semi-deuses, membros da família, príncipes, reis e convidados, alguns críticos super-zelosos (membros da classe sacerdotal, como sempre) recriminavam Sri Rama por ter aceitado Sitadevi, depois dEla ter ficado algum tempo distante, sozinha à mercê de um demônio. Havia certa dúvida sobre a castidade e intocabilidade de Srimati Sitadevi.
Esta, diante de todos, sentindo-se ofendida e ultrajada em Sua honra, resolveu entrar nas chamas do fogo de sacrifício (agni-hotra) disposta a abandonar Sua vida, pois não suportaria ver Seu amado Rama ser criticado, diante de Seu próprio infortúnio.
Ao entrar no fogo do sacrifício que estava prestes a iniciar, todos ficaram chocados com a determinação de Sita, estavam em desespero, o horror estampado em suas faces. Então de súbito, o próprio semi-deus do fogo, Agnideva, saiu das chamas, carregando em seus braços, intocada pelo fogo, a bela e casta Srimati Sitadevi, a Rainha de Mithila e origem de todas as virtudes. Todos ficaram maravilhados de que Sitadevi não tivesse sofrido nada, mesmo estando no meio das chamas de onde o próprio Agnideva, estava emergindo. Certamente que este era um sinal auspicioso, que demonstrava a pureza de Sita.
Sri Rama abraçou Seu devotado amigo Hanuman, ao enviá-lo para Ayodhya, onde este levaria as boas notícias do resgate de Sitadevi e avisaria a todos da iminente chegada de seu Senhor. Agnideva pessoalmente testemunhou sobre o caráter impoluto de Sita, Sua indubitável castidade e fidelidade a Seu amado Rama, assegurando a todos que Ela, jamais fora realmente tocada por Ravana e contou o seguinte episódio.
Quando Lakshmana fez o círculo protetor, em volta da cabana de palha e foi a procura do Seu irmão, Rama, Ele invocou Agnideva (com mantras) para supervisionar aquele círculo e queimar qualquer um que o cruzasse. Agnideva, confessou, que fez mais que isso: Ele retirou Sitadevi daquela cabana e em Seu lugar colocou uma cópia perfeita (shaya), levando Sita para uma esfera superior em companhia de algumas senhoras celestiais. Embora a forma de Sita tenha sido raptada pelo demônio Ravana, e não a Sita verdadeira, esta forma, não obstante, também permaneceu casta e pura, não tendo tido qualquer contato íntimo com o demônio.
No momento que Sri Rama, em Sri Lanka, se aproximou de Sitadevi, a qual estava sentada no jardim de árvores ashokas, Agnideva resgatou a cópia (shaya), devolvendo a verdadeira Sita ao Senhor Ramachandra frações de segundos antes dEste chegar, concluiu o Semi-deus.
Todos ficaram extremamente felizes (inclusive os críticos sacerdotes), pois no futuro, ninguém poderia lançar a mais tênue dúvida sobre o caráter e pureza da gloriosa Senhora do Território dos Videhas, a filha do Rei Janaka e consorte do inigualável e divino Sri Rama.
Ayodhya permaneceu por muito tempo sob o Reinado do Senhor Rama. Toda a harmonia espiritual própria desta era auspiciosa (o Treta-yuga) foi completamente experimentada, após um hiato de desarmonia, causado pela tentativa de se estabelecer o caos, nesse período caracterizado por plena ordem material e espiritual. Prevendo essa tentativa de trazer degeneração precoce à Treta-yuga, uma era de absoluta harmonia, o Senhor Rama apareceu, para proteger as pessoas virtuosas e restabelecer os princípios da religiosidade
Após terminar Suas atividades manifestas neste mundo, o Senhor Sri Ramachandra, tornou-se invisível e retornou para a esfera espiritual eterna, com toda a Sua corte, parafernálias, amigos e amados (energias shaktis) empregadas em Sua gloriosa manifestação na Terra. A encarnação de Rama se deu antes do final do continente de Atlântida, que afundou em meados de 10.986 a.C., portanto a exatos 13 mil anos em 2014!
“O néscio pode associar-se a um sábio toda a sua vida, mas percebe tão pouco da verdade como a colher do gosto da sopa. O homem inteligente pode associar-se a um sábio por um minuto, e perceber tanto da verdade quanto o paladar sabe do sabor da sopa”. – Textos Budistas
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