domingo, 20 de setembro de 2015

LINGUAGEM – O PORQUÊ DO NOME MOCHINHO DADO A UM TIPO DE BANCO

Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara

Mochinho é o nome aplicado a um tipo de banco sem espaldar. Segundo me parece, é regionalismo gaúcho, ou do sul.
A relação metafórica que se estabelece encontra no gado, símbolo da cultura regional, o ponto de comparação. A linguagem é marcada pela incompletude. Ao estabelecer-se o nome desse banco, buscou-se no gado mocho, ou seja, sem aspas, o ponto metafórico para a designação.
Como o gado mocho não possui aspas, e o banco (mochinho) não tem espaldar, o nome se justifica pela transferência de traços semânticos.
Segundo a mitologia grega, a metáfora surge de Eros, divindade do amor, mas também do desejo, da curiosidade, da procura e da busca. Era filho de Poros, a divindade da abundância, e de Penia, uma mendiga. Vive entre a carência da mãe que busca completude na abundância, na sobra que é a essência de seu pai. Assim, a metáfora, para suprir a ausência de uma palavra que complete um significado mais pleno para determinado ser ou circunstância, busca uma palavra de outro contexto e a enxerta em nova situação de emprego, excedendo em abundância a carência da lacuna semântica. Ao chamar uma jovem de flor, o que ela estritamente falando não é, mas em não encontrando um termo suficientemente elucidativo para designá-la, busca-se a completude do termo flor, cuja abertura semântica nesse contexto permite ao sujeito interpretante um espaço amplo de ressignificação.
A incompletude faz parte da essência humana e a metáfora é a forma mais rica de preenchimento desse vazio que, em dizendo outro termo, apenas sugere a completude necessária à razão e ao espírito do leitor.
Todos nós somos eternos filhos de Eros, portanto eróticos, na eterna busca de completude de todos os sentidos possíveis.

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