O SENTIDO DO UNIVERSO SERIA O PRÓPRIO SEM SENTIDO?
Oscar Luiz Brisolara
Eu contemplava as ondas que vento produzia na lavoura esverdejante... Esbranquiçavam as faces internas das folhas, provocando uma dupla coloração em todo o prado... Na messe ao lado, resquícios da lavoura anterior, ainda restavam traços dourados do trigo já colhido...
Por longos instantes tive a alma repleta daquele espírito que me conduziu à minha infância longínqua... nem tanto...
Meus cabelos poucos, um tanto embranquecidos, sacudidos pela brisa suave somavam-se aos segredos escondidos na profundidade do que parece óbvio... de verdade, mesmo, nada é absolutamente óbvio nem claro...
Mas a clareza não nos completa... a completude é plena de lacunas que nos instigam a andar... O trigo... as plantas e seus frutos falam muito mais no nível do sonho do que no da razão... Nosso espírito caminha com a lentidão do crescer das plantas e do desabrochar das flores... Tudo o que dura e permanece é produto desse lento devir sempre incompleto, que é tocado pelos gonzos que rangem no íntimo das engrenagens do universo... Silenciosamente nos fazem, a um tempo, refletir e sonhar... e no eterno silêncio do mover dos tempos, movemo-nos à busca de uma completude perfeita que não há...
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