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quinta-feira, 4 de janeiro de 2018
O PASSARINHO PRESO
M.M. B. du Bocage
Na gaiola empoleirado,
Um mimoso passarinho
Trinava brandos queixumes
Com saudade do seu ninho.
"Nasci para ser escravo,
(Carpia o cantor plumoso)
"Não há ninguém deste mundo
Que seja tão desditoso."
Que é do tempo que passava,
Ora desencantando amores,
Ora brincando nos ares,
Ora pousando entre flores?
Mal haja a minha imprudência!
Mal haja o visco traidor!
Um raio,um raio te abrase,
Fraudulento caçador!
Em que pequei? por ventura
Fiz-te à seara algum mal?
Encetei mordi teus frutos,
Como daninho pardal?
Agrestes,incultas plantas
Produziam meu sustento,
Inútil ao que se prezam
Do alto dom do entendimento...
Do entendimento!ah malignos!
Vós possuindo a razão,
Tendes de vícios sem conta
Recheado o coração.
Ah!se a vossa liberdade
Zelosamente guardais,
Como sois usurpadores
Da liberdade dos mais?
O que em vós é um tesouro,
Nos outros perde o valor?
Destrói-se o justo do oprimido
Pela força do opressor ?
Não tem por base a justiça,
Funda-se em nossa fraqueza
A lei que a voz nos submete,
Tiranos da natureza !
Em ofensa das deidades ,
Em nosso dano abusais
Da primazia que tendes
Entre os outros animais.
Mas , ah triste ! ah malfadado!
Para que me queixo em vão ?
Que espero, se contra a força
De nada serve a razão ?
Aqui parou de cansado
O volátil carpidor :
Eis que vê chegar da caça
O seu bárbaro senhor
Trazia encostado ao ombro
O arcabuz fatal e horrendo
E alguns pássaros no cinto ,
Uns mortos, outros morrendo .
Das penetrantes feridas
Ainda o sangue pingava,
E cruento verdugo
As curtas vestes manchava.
O preso , vendo a tragédia ,
Coitadinho ! Estremeceu ;
E de susto e de piedade
Quase os sentidos perdeu.
Mas apenas do assombro
Repentino a si tornou;
Com os olhos nos seus finados
Essas palavras soltou :
Entendi que dos viventes
Eu era o mais infeliz :
Que outros tem pior destino
Aquele exemplo me diz.
Da minha sorte já agora
Queixas não torno a fazer ;
Antes gaiola que um tiro,
Antes penar que morrer .
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