segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

CRONICAZINHA SEM SENTIDO...


Se a existência tivesse algum sentido, jamais havia cogitado nisso. A alma? Perdera-a aos poucos. Não era do tipo a vingasse-se nos outros pelas contrariedades da existência pessoal. Assumia-as na conta de suas próprias culpas.

A mãe, perdera-a para as drogas, mesmo antes de saber de si mesmo. Fora somando ausências e acumulando desprazeres. Comer, quando e o que podia. Morar, onde dava. Nunca um ponto certo. Um lugar de seu. Mas, o que é mesmo a propriedade de alguém? Todos se iam. Ninguém, jamais nada levara.
De seu pai, jamais nada ouvira. Talvez sua própria mãe não o soubesse. Que importava? Era fato. Lá estava. De fato. Vivo.
Primeiro fora a avó: má como erva ruim crescida nas fendas das rochas. Raiz dura de roer. De mão em mão... pontapé em pontapé... tapa e beliscão... assim até tomar conta de si...
Corria com os demais... ria e chorava... amar? Não sabia... Odiar? Também não... Sempre houvera um coração mais magnânimo... algo para a fome... uns panos... 
Eram centenas... uns maus por caráter... outros, nem tanto... como amebas num ermo... nutriam-se do ar comum... das águas do mundo... viviam... para quê? 
E o bonitinho da escola. Com roupa de marca. Calçado da moda... cabelo lustroso... cheirando a perfume... com beijo da mãe... Aula de inglês... piscina do clube... de auto na porta... Destino seguro: a firma do pai, o cátedra, a tribuna, a clínica, política e tal e tudo...
Sentido? O que é sentido? Educação? O que é educação? Quem aprende mais da vida? Justiça. O que é justiça? Filosofia barata de sábios de barrigas cheias e vidas vazias.

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