Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança, parte 3
Posted by Thoth3126 on 27/12/2017
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De acordo com a Bíblia, o homem divinamente inspirado a construir a Arca da Aliança foi Moisés, o profeta que conduziu os israelitas durante sua fuga da escravidão no Egito. Antes de dar início a qualquer pesquisa em busca de pistas das origens, ou ate mesmo da existência da Arca nesse período, eu precisava averiguar não somente “quando”, mas também “se” os acontecimentos do Êxodo de fato ocorreram. O principal problema de qualquer historiador é com relação ao período no qual os eventos se desenrolam, o que é bastante difícil de ser determinado a partir de evidências do Antigo Testamento, e comprovações textuais e arqueológicas a respeito de Moisés ou da existência dos hebreus e israelitas nesse tempo antigo, ainda permanecem evasivas.
Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch
Capítulo III do livro: Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança, a descoberta do Tesouro do Rei Salomão, de Graham Phillips, Editora Madras
Fonte: http://grahamphillips.net/
3. O Fogo do Inferno
Tudo que sabemos da Bíblia é que os israelitas se assentaram no Egito, em uma região chamada Goshen, ao nordeste do Rio Nilo, aproximadamente quatrocentos anos antes do tempo do Êxodo. Por gerações, viveram em paz com os egípcios até que um faraó sem nome os escravizou. Cerca de uma geração e meia depois — durante o tempo de um outro faraó sem nome — dizem que os eventos do Êxodo aconteceram. Então, quando foi que isso de fato se passou?
Historicamente, os israelitas faziam parte de um grupo de povos chamados de Semitas, que tiveram sua origem em Canaã há mais ou menos quatro mil anos. Tanto a arqueologia, quanto registros dos egípcios mostram que grandes números de semitas de fato estabeleceram-se ao nordeste do Egito por muitos séculos até aproximadamente 1500 a.C, quando os egípcios se envolveram em uma série de campanhas contra os semitas em Canaã. Nessa época, o faraó Tuthmosis III considerava os semitas que tinham ficado no Egito como inimigos estrangeiros e muitos deles foram escravizados e recrutados para desempenhar trabalhos braçais.
Não há nenhuma referência específica dos israelitas nos registros dos egípcios, mas há diversas referências nesse período com relação a um grupo de trabalhadores estrangeiros chamados de Habiru, possivelmente uma tradução egípcia da palavra Hebreu. Parece, portanto, que a prisão dos israelitas, como está descrita na Bíblia, foi uma possibilidade histórica real. Mas, e quanto ao Êxodo em si? Estudiosos bíblicos antigamente, costumavam posicionar o Êxodo durante o reinado do faraó Ramsés, o Grande porque a Bíblia se refere aos escravos israelitas sendo usados durante projetos de construção em uma cidade chamada Ramsés. A cidade, que antes era chamada de Avaris, foi reconstruída por Ramsés e ganhou seu nome por volta de 1290 a.C, por isso, à primeira vista, datar o Êxodo no período de Ramsés parece fazer sentido.
No entanto, o relato do Antigo Testamento não foi escrito até muitos séculos depois, e a Bíblia contém muitos anacronismos com nomes e lugares. De fato, o livro do Gênesis do Antigo Testamento se refere a Avaris como Ramsés cerca de quinhentos anos antes de poder ser assim chamada (Gn 47:11). Sabemos com certeza, portanto, que a cidade foi ao menos mencionada no Antigo Testamento com o nome que ganhou somente mais tarde. Esse poderia muito bem ser o caso do relato do Êxodo. Em outras palavras, o fato de a cidade onde os israelitas trabalharam ser referida como Ramsés, não necessariamente significa que os acontecimentos tenham ocorrido durante a reconstrução da cidade sob o domínio de Ramsés II.
A arqueologia nos proporcionou evidências de que a história do Êxodo na verdade aconteceu em algum tempo antes do reinado de Ramsés, o Grande. De acordo com a Bíblia, quarenta anos depois dos israelitas fugirem da prisão e deixarem o Egito, eles conquistaram a cidade de Jericó. O radiocarbono da Universidade Groningen que datava os restos orgânicos ali encontrados em 1996 mostra que a conquista dos israelitas aconteceu por volta de 1320 a.C. — próximo ao fim do reinado do faraó Amenhotep III. Amonhotep foi um rei poderoso do Egito que instigou um novo projeto de construções gigantesco em Avaris, exatamente onde a Bíblia diz que os israelitas foram forçados a trabalhar. Esse, portanto, parece ser o período de tempo que os autores do Antigo Testamento imaginaram para a história do Êxodo. No entanto, a grande questão era: há provas reais de que a história de Moisés e o Êxodo dos israelitas do Egito de fato aconteceram? Muitos historiadores consideram o evento como um mito ou uma parábola religiosa ligada à história por gerações futuras. Se isso foi realmente um mito, podemos então presumir o mesmo com relação a construção da Arca.
Em um determinado momento comecei a concordar com o consenso popular de que grande parte das primeiras histórias do Antigo Testamento era na realidade mitologia — por exemplo, as pragas do fogo do céu, da escuridão que caiu durante o dia e da água se transformando em sangue, que dizem ter tornado o Êxodo algo possível de acontecer. Foi assim até que examinei as passagens bíblicas com mais afinco. Na metade dos anos de 1990, estava trabalhando em um livro que falava do mistério de 3.000 anos de idade de uma tumba egípcia. A era da história egípcia que estava investigando, incluía o período no qual a história do Êxodo parece ter acontecido. Para minha surpresa, descobri que um desastre natural aconteceu no Egito há cerca de 2.500 anos que correspondia às pragas do Êxodo como estão descritas no Antigo Testamento.
De acordo com o livro do Êxodo do Antigo Testamento, Deus falou com Moisés e lhe disse para liderar os israelitas escravizados em busca de sua liberdade. Moisés obedeceu e entrou em confronto com o faraó egípcio, exigindo que libertasse os israelitas. Quando o faraó se recusou a aceitar as exigências de Moisés, dizem que Deus castigou o Egito com uma série do que a Bíblia chama de pragas: escuridão sobre a Terra, o Nilo se transformando em sangue, terríveis tempestades de granizo, mortes dos gados, uma praga de furúnculos e infestações de sapos, piolhos, moscas e gafanhotos. À mente moderna, tudo não passa de mito e lenda. No entanto, esses acontecimentos podem ter sido o resultado de uma catástrofe natural, como a erupção vulcânica do vulcão Thera, na Ilha de Santorini) gigantesca que minha pesquisa revelou.
O sítio de Jericó (Tell es-Sultan) localizado em 1880 à noroeste do Monte das Tentações.
Primeiro veio a praga da escuridão, que pode ter sido causada como resultado de uma nuvem sólida de restos de cinzas. Uma das maiores erupções em anos recentes foi a que aconteceu no Monte Santa Helena no estado de Washington, nos EUA, em 1980. Após a erupção, o sol ficou obscurecido por horas à distância de até quinhentas milhas do vulcão, e depois da erupção ainda maior na ilha de Krakatoa próximo a Sumatra em 1883, os céus ficaram escuros em uma distância ainda maior — tudo ficou escuro como noite durante dias, por quase mil e seiscentos quilômetros de distância. De acordo com o livro do Êxodo 10:21-23: Então disse o Senhor a Moisés: Estende a tua mão para o céu, e virão trevas sobre a Terra do Egito, trevas que se apalpem. E Moisés estendeu a sua mão para o céu, e houve trevas espessas em toda a terra do Egito por três dias: Não viu um ao outro, e ninguém se levantou do seu lugar por três dias: mas todos os filhos de Israel tinham luz em suas habitações.
Se apenas uma das dez pragas foi equivalente aos efeitos de uma erupção vulcânica, já seria interessante o suficiente; o fato, no entanto, é que todas elas são correspondentes. No livro do Êxodo 9:23-26, lemos que o Egito foi afligido por uma terrível tempestade de granizo: E Moisés estendeu a sua vara para o céu, e o Senhor deu trovões e saraiva, e fogo corria pela terra; e o Senhor fez chover saraiva sobre a terra do Egito. E havia saraiva, e fogo misturado entre a saraiva, tão grave, qual nunca houve em toda a terra do Egito desde que veio a ser uma nação. E a saraiva feriu, em toda a terra do Egito, tudo quanto havia no campo, desde os homens até aos animais; também a saraiva feriu toda a erva do campo, e quebrou todas as árvores do campo.
Essa também pode ser uma descrição exata da terrível prova sofrida pelo povo na costa da Sumatra após a erupção do Krakatoa em 1883 — restos vulcânicos do tamanho de pedregulhos caindo como granizo; pedras-pomes quentes lançando fogo ao chão e destruindo árvores e casas; raios por todas as partes, gerados pela tremenda turbulência dentro da nuvem vulcânica. Mesmo depois da erupção menor do Monte Santa Helena em 1980, restos vulcânicos caíram como granizo, achatando plantações a quilômetros de distância. O relato do Êxodo de uma outra praga pode facilmente ser uma descrição dada por alguém que tenha morado no estado de Washington, Idaho e Montana, sobre os quais os restos vulcânicos foram lançados após a erupção do Monte Santa Helena: “E tornar-se-á em pó miúdo sobre toda a terra do Egito, e se tornará em sarna, que arrebente em úlceras, nos homens e no gado” (Ex 9:9).
Pó miúdo causando sarna e úlceras! Centenas de pessoas foram levadas para hospitais com feridas e brotoejas na pele após a erupção no Monte Santa Helena, em virtude da exposição aos restos ácidos e animais de fazendas morreram ou tiveram de ser sacrificados, por causa da inalação prolongada do pó vulcânico. De acordo com Êxodo 9:6, “todo o gado dos egípcios morreu.” Após a erupção do Monte Santa Helena, peixes também morreram e foram encontrados boiando sobre a superfície de centenas de quilômetros pelos rios próximos. O cheiro pungente de pedras-pomes impregnou tudo, e fornecimentos de água tiveram de ser interrompidos até que as impurezas fossem filtradas dos reservatórios. De acordo com o livro do Êxodo 7:21: E os peixes, que estavam no rio, morreram, e o rio cheirou mal, e os egípcios não podiam beber a água do rio; e houve sangue por toda a terra do Egito.
Em 18 de maio de 1980 o Mt. Santa Helena, um vulcão localizado no estado de Washington, nos EUA, explodiu. A sua erupção foi o evento vulcânico mais destrutivo da história moderna dos EUA. Cincoenta e sete pessoas e milhares de animais morreram; 250 casas, 47 pontes, 24 km de ferrovias e 298 km de estradas foram destruídos. O prejuízo financeiro está estimado em cerca de $ 2 bilhões de dólares. A coluna de fumaça gerada pela explosão atingiu 24 km de altura em menos de 15 minutos. A erupção ejetou no total 4 km³ de material, que incluiu parte do próprio topo do monte, cinzas, lava e explosões vulcânicas. A cinza emanada da erupção provocou problemas respiratórios nos habitantes num raio de até 1500 km de distância do vulcão. Houve ainda um terremoto de 5.1º na Escala Richter, que causou o desabamento de todo o lado norte da montanha, diminuindo sua altura em cerca de 400 metros e alargando-a em 2 km. Esse desabamento causou danos ambientais num raio de 550 km². No total, a erupção do vulcão Santa Helena liberou 24 megatons de energia termal, 7 dos quais diretamente no momento da explosão.
Assim como as pedras-pomes acinzentadas dos vulcões se espalhavam pelo céu, muitos vulcões, como o Krakatoa, têm uma outra toxina ainda mais corrosiva em sua composição — óxido de ferro. (Esse é o mesmo material avermelhado que cobre a superfície do planeta Marte.) Em Krakatoa, milhares de toneladas de óxido de ferro foram liberadas, matando os peixes por quilômetros. Isso certamente explicaria a referência do Êxodo quando diz que o Nilo transformou-se em sangue, quando o óxido de ferro fez com que o rio ficasse avermelhado: “e todas as águas do rio se tornaram em sangue” (Ex 7:20). As demais pragas não parecem estar ligadas diretamente à erupção vulcânica — sapos, moscas, piolhos e gafanhotos. No entanto, podem estar apenas ligadas às atividades vulcânicas assim como a própria nuvem de cinzas. Aqueles que nunca experimentaram os efeitos terríveis de uma erupção vulcânica podem imaginar que assim é que tudo termina, os mortos são enterrados, os feridos cuidados e os danos imediatos reparados, que os sobreviventes podem dar início à tarefa de retomar suas vidas, livres de futuros horrores causados pelo vulcão. Isso está muito além da dura realidade, visto que todo o ecossistema é afetado. A maior parte das formas de vida sofrem com a devastação vulcânica, porém, de maneira surpreendente, algumas são, de fato, capazes de sobreviver.
Quando os vulcões cobrem o campo com suas cinzas, invertebrados rastejantes e insetos em suas larvas crisálidas ou ovos são capazes de permanecer intactos abaixo da superfície; o mesmo que acontece com cobras, roedores e ovos de sapos, protegidos sob camadas de pedras submersas. Insetos têm um ciclo de vida curto e também são capazes de se reproduzir em uma velocidade assustadora. Depois de um cataclismo como esse, eles têm oportunidades suficientes para estabelecer um recomeço surpreendente se comparados a predadores e competidores maiores. Além disso, ao compará-los com animais maiores, eles se reproduzem em números amplos. Insetos de enxames são, portanto, comumente associados com os resultados de erupções vulcânicas. Ao sobreviverem à calamidade, as cinzas OS forçam a buscar novas habitações e fornecimentos de alimentos — e que os céus salvem quem estiver em seus caminhos!
Um ótimo exemplo são os resultados de mortes e reprodução de animais da erupção do Monte Pelee na ilha do Caribe de Martinica em 1902. Restos vulcânicos cobriram o porto próximo de Saint Pierre, matando mais de 30 mil pessoas, mas os horrores não pararam por aí. Os sobreviventes enfrentaram um episódio aterrorizante, quando enormes enxames de formigas voadoras desceram sobre as plantações de cana-de-açúcar e atacaram os trabalhadores. Enquanto as pessoas fugiam tentando salvar suas vidas, as cruéis criaturas queimavam suas peles com terríveis picadas ácidas. Não foi uma casualidade o fato do ataque dos insetos acontecer após a erupção; as criaturas já tinham atacado antes quando o Monte Pelee irrompera em 1851. Nessa ocasião, elas não só assustaram os trabalhadores e devoraram plantações inteiras, como também houve registros de terem atacado e matado indefesos bebes enquanto ainda estavam em seus berços.
O Êxodo descreve três tipos de insetos infestando o Egito: piolhos, moscas e gafanhotos. Primeiro foram os piolhos: Arão estendeu a sua mão com a sua vara, e feriu o pó da terra, e havia muitos piolhos nos homens e no gado; todo o pó da terra se tornou em piolhos em toda a terra do Egito. (Ex 8:17) E então vieram as moscas, conforme Deus instruiu Moisés para dizer ao faraó: Eis que enviarei enxames de moscas sobre ti, e sobre os teus servos, e sobre o teu povo, e às tuas casas; e as casas dos egípcios se encherão destes enxames, e também a terra em que eles estiverem… E o Senhor fez assim; e vieram grandes
enxames de moscas… E a terra foi corrompida por estes enxames de moscas. (Ex 8:21-24)
Finalmente, os gafanhotos desceram: E vieram os gafanhotos sobre toda a terra do Egito, e assentaram-se sobre lodos os leimos do Egito; tão numerosos foram que, antes destes nunca houve tantos, nem depois deles haverá. Porque cobriram a face de toda a terra, de modo que a terra se escureceu; e comeram toda a erva da terra, e todo o fruto das árvores, que deixara a saraiva; e não ficou verde algum nas árvores, nem na erva do campo, em toda a terra do Egito. (Ex 10:14-15) Os sapos são provavelmente os mais preparados de todos os invertebrados para esses cataclismos. Como os insetos, eles produzem grandes números de prole. Cada sapo põe, literalmente, milhares de ovos. Sob condições normais, essa é uma necessidade biológica, visto que os pequeninos girinos surgem dos ovos quase que completamente indefesos. Quando deixam seus ovos, os peixes próximos se preparam para um banquete e somente um ou dois dos girinos conseguem sobreviver e se tornar sapos.
A única chance que a espécie tem de sobrevivência está em seus números. No entanto, após a erupção do Monte Santa Helena, os peixes predadores foram dizimados. Os pequeninos ovos, por outro lado, sobreviveram à catástrofe. No momento de sua emersão, os materiais químicos perigosos já tinham sido levados pelas águas do rio, mas os peixes ainda não tinham voltado. O resultado foi uma praga de sapos na maior parte do estado de Washington. Aos milhares, eles se espalharam pelo campo — havia tantos deles amassados nas estradas que criavam condições perigosas aos motoristas. Eles entupiram canais de água, cobriram jardins e infestaram casas. De acordo com o livro do Êxodo 8:2-8, foi exatamente isso o que aconteceu com os antigos egípcios: (Deus disse,) Escutai, eis que ferirei com rãs todos os teus termos. E o rio criará rãs, que subirão e virão à tua casa, e ao dormitório, e sobre a tua cama, e as casas dos teus servos, e sobre o teu povo, e aos teus fornos, e às tuas amassadeiras. E as rãs subirão sobre ti, e sobre o teu povo, e sobre todos os teus servos…
E Arão estendeu tua mão com tua vara sobre as correntes, e sobre os rios, e sobre os tanques, e fez subir rãs sobre a terra do Egito. Com o passar dos anos, vários estudiosos, individualmente, atribuíram as pragas do Êxodo a diferentes fenômenos naturais. A escuridão poderia ter sido causada por uma tempestade de areia muito violenta, e o granizo poderia ser o resultado de terríveis condições do tempo. Os furúnculos ou sarna podem ter sido causados por uma epidemia, e o rio transformado em sangue pode ser o resultado de alguma atividade sísmica ocorrida no extremo sul, próximo à nascente do Nilo.
Enxames de gafanhotos, moscas e infestações de piolhos não teriam sido coisas raras de se acontecer. Entretanto, a possibilidade de tudo isso acontecer ao mesmo tempo parece algo bastante remoto. Uma erupção vulcânica, porém, explicaria todos os acontecimentos. O único problema real de atribuirmos as pragas do Êxodo a uma erupção vulcânica é que o Êxodo não as apresenta na ordem em que elas, naturalmente, teriam ocorrido. A escuridão e tempestade de fogo deveriam vir primeiro, seguidos pelas feridas, o rio ensangüentado, os gados e os peixes mortos e, algum tempo depois, os sapos e os insetos. No Êxodo, as pragas aparecem em uma ordem diferente: sangue, peixes, sapos, piolhos, moscas, morte do gado, furúnculos, granizo, gafanhotos e escuridão. No entanto, o livro do Êxodo parece ter sido escrito muitos séculos após os eventos serem relatados. A descrição das pragas pode ter sido feita de forma oral por muitas gerações, e certos detalhes teriam sido facilmente misturados.
Quando analisamos a semelhança das pragas do Egito com os terríveis efeitos de uma erupção vulcânica, vemos que esses episódios particulares do relato do Êxodo deixam de parecer tão impossíveis. No entanto, ainda resta uma grande questão. Será que realmente uma erupção vulcânica atingiu o Egito por volta do ano de 1360 a.C, quando a história do Êxodo parece ter acontecido? Em uma palavra, sim. Apesar de não existirem vulcões conhecidos no Egito em tempos geológicos recentes, um a erupção grande o suficiente para atingir o país chegou de fato a acontecer na ilha de Thera (Santorini) no Mediterrâneo, próximo ao período em questão. Thera era a ilha que ficava mais ao sul das Cidades Gregas, e no século XV a.C. abrigava um importante porto de comércio da civilização Minoana, centralizada na ilha próxima de Creta. Hoje, Thera é uma ilha com formato de meia lua chamada de Santorini, que forma uma baía de mais de dez quilômetros de largura. Os penhascos que a cercam são apoiados por camadas de restos vulcânicos e pedras que foram derretidas, comprovando o violento passado enfrentado pela ilha.
A baía em si é, na realidade, uma cratera formada pela antiga erupção, e é tão profunda que dizem que nenhuma âncora de navio é capaz de alcançar o fundo. Por volta de 1930, o arqueólogo grego, Spyridon Marinatos, foi o primeiro a dizer que, em algum momento no final da era Minoana, uma gigantesca erupção vulcânica havia assolado a ilha. Em 1956, dois geólogos, Dragoslav Ninkovich e Bruce Heezen, realizaram uma pesquisa do fundo do mar para tentar determinar, com precisão, qual tinha sido a magnitude da erupção. De seu barco de pesquisas, o Vema, foram capazes de apurar o exato tamanho da cratera vulcânica — trinta milhas quadradas — e com isso puderam estimar as incríveis proporções do evento. Há diversos tipos de erupções vulcânicas, algumas lançam rios de lava derretida, outras produzem desmoronamentos de lama quente, porém, a mais terrível e devastadora é aquela em que a pressão do magma faz com que o vulcão literalmente estoure seu pico. Com base no tamanho da cratera da ilha, foi isso que aconteceu em Thera há quase três mil anos e meio. Foi, na verdade, o tipo de erupção produzida pelo Monte Santa Helena que explodiu a lateral da montanha com a força de uma bomba de cinqüenta milhões de toneladas.
A Ilha de Santorini, com a cicatriz deixada pela explosão do vulcão Thera que eliminou a parte central da ilha.
Em um piscar de olhos, na manhã do dia 18 de maio de 1980, uma massa de material vulcânico abrasador foi espalhado com uma explosão, matando todos os seres vivos em um espaço de 150 milhas quadradas. Milhares de acres de floresta foram dizimados, e restos de materiais derretidos cobriram tudo como na superfície da lua. O que antes era uma estação de férias de turistas ansiosos a mais de quinze quilômetros de distância do vulcão do Monte Santa Helena, estava agora coberto por completo com pedras-pomes. Em poucas horas, uma nuvem de cinzas com cerca de oito quilômetros de altura, contendo bilhões de toneladas de material vulcânico, espalhou-se por um raio de oitocentos quilômetros ao leste. Em três estados — Washington, Idaho e Montana — a nuvem vulcânica sólida cobriu o céu e o dia virou noite.
Por toda a região, cinzas caíam como chuva, entupindo motores de carros, fazendo trens pararem e bloqueando estradas. Sete milhões de hectares de exuberantes fazendas pareciam um deserto cinza, e plantações de milhões de dólares foram dizimadas e destruídas. Centenas de pessoas, até a cidade de Billings em Montana, a quase mil quilômetros de distância do vulcão, foram levadas para os hospitais com os olhos irritados e as peles queimadas causados pela exposição aos restos corrosivos. Durante semanas após o acidente, peixes em centenas de quilômetros de rios foram encontrados boiando sobre a superfície, mortos pelos poluentes químicos na água.
A erupção do vulcão do Monte Santa Helena foi uma das erupções vulcânicas mais destrutivas dos últimos anos, e comparado à explosão de Thera, era algo minúsculo. Quando Ninkovich e Heezen divulgaram suas descobertas com relação à erupção de Thera, usaram a erupção de Krakatoa como comparação. Em agosto de 1883 quando o Krakatoa explodiu com uma força vinte vezes maior que a do Monte Santa Helena, a erupção foi ouvida a mais de quatro mil e quinhentos quilômetros, em Melbourne, no sul da Austrália; uma nuvem vulcânica ergueu-se a 80 quilômetros no ar, e cinzas residuais cobriram milhares de quilômetros quadrados. Mais de 36 mil pessoas morreram! Foi estimado, pelo tamanho da cratera formada, que seis milhas cúbicas de material vulcânico se espalhou pelo céu de Krakatoa — porém, a cratera do vulcão Thera é quase seis vezes maior. Sendo assim, a explosão teria sido ouvida em quase metade do mundo, restos vulcânicos teriam sido lançados a quilômetros de altura, e as cinzas teriam coberto mais de um milhão de quilômetros quadrados.
Para termos uma idéia do tamanho dessa explosão, imagine a última arma nuclear usada pela humanidade em uma guerra: a bomba atômica, que destruiu completamente metade da cidade japonesa de Nagasaki, em 1945. Foi uma explosão de 20 quilotoneladas. O Monte Santa Helena explodiu com uma força ainda maior, de 50 mil quilotoneladas; Krakatoa alcançou o incrível número de um milhão de quilotoneladas; contudo, o Thera supera todos esses números com suas 6 milhões de quilotoneladas. Seria preciso seis mil das mais destrutivas ogivas nucleares modernas — cada uma com a força de fazer desaparecer uma cidade inteira — para se igualar à magnitude explosiva de Thera. Estima-se que, comparando-se as dimensões do vulcão original com o tamanho da cratera, a fantástica quantidade de setenta milhas cúbicas de resíduos foram lançadas ao céu. Ainda mais importante, ela teria formado uma nuvem sólida que fora soprada na direção do Egito.
A pesquisa do Vema mostrou que pedras-pomes e resíduos vulcânicos da erupção de Thera cobriram o fundo do mar somente ao sudeste do vulcão, determinando que os ventos carregaram a nuvem residual exatamente na direção do Egito, a cerca de oitocentos quilômetros de distância. Ao julgarmos pelos efeitos das erupções menores do Monte Santa Helena e Krakatoa, é certo que a terra do Egito teria sofrido todos os horrores da nuvem escura. Os israelitas podem muito bem ter interpretado o acontecimento como uma intervenção divina, visto que o caos resultado pela calamidade pode ter possibilitado a fuga dos escravos hebreus do Egito, exatamente da forma que a Bíblia descreve. Portanto, parece que a história do Êxodo do Egito não foi nada irreal como se pensava. De fato, a semelhança entre os efeitos da erupção de Thera e as pragas do Êxodo é extraordinária. Sendo essa, então, a prova final de que realmente são a mesma coisa, e que os eventos aconteceriam se a erupção pudesse ser comprovada como tendo ocorrido no mesmo período que a história do Êxodo se passou — por volta de 1360 a.C.
Com o passar dos anos, o acontecimento da erupção de Thera foi datado várias vezes entre os anos de 1600 e 1300 a.C. Outras evidências científicas na busca de uma data mais precisa, porém, surgiram em 1970 com — acredite voce ou não — amostras de núcleos de gelo da Groenlândia. Todos os invernos, uma camada fresca de gelo se forma sobre a calota polar da Groenlândia, criando estratos bem definidos, um para cada ano. Toda camada contém ar preso, segurando uma amostra da atmosfera da Terra como ela era quando o gelo se formou. Na década de 70, cientistas dinamarqueses começaram a coletar amostras a muitos metros de profundidade no gelo para recuperar um registro de ano após ano das condições atmosféricas da Terra há mais de 100.000 anos. A equipe, chefiada por C. U. Clausen, H. B. Hammer e W. Dansgard, logo observou que as amostras dos anos em que houve maiores erupções vulcânicas, como a que destruiu a cidade romana de Pompéia no ano 79 d.C, comprovavam altos níveis de acidez.
No artigo da revista Nature, de novembro de 1980, a equipe relatou que houvera uma erupção forte em algum lugar do mundo por volta de 1390 a.C, com uma margem de erro de cerca de cinqüenta anos para mais ou para menos — em outras palavras, em algum tempo entre 1240 e 1340 a.C. A única erupção grande o suficiente que pode ter resultado nas condições atmosféricas registradas pelos dinamarqueses, e conhecida dos geólogos como tendo ocorrido no prazo de duzentos anos de qualquer lado desse período, foi à erupção de Thera. Isso significa que Thera pode muito bem ter entrado em erupção na mesma época que a história do Êxodo parece ter acontecido.
Todavia, alguns estudiosos ainda optaram por uma data no início do período de cem anos que a descoberta dos núcleos de gelo mostraram que a erupção aconteceu. Entretanto, evidências arqueológicas de que a erupção de fato acontecera na segunda metade desse período de cem anos (durante o século XIV a.C.) foram, na verdade, descobertas por volta de 1930, mas permaneceram guardadas nas catacumbas do Museu Arqueológico Nacional de Atenas, na Grécia, por quase setenta anos. A descoberta aconteceu na ilha de Creta. No início do século XIV a.C, Creta era o coração da civilização Minoana, uma raça de exímios construtores de navios que dominara o mar Egeu por séculos. Por meio do comércio, e não pela conquista, os minoanos tornaram-se uma das potências mais ricas de todo o Mediterrâneo. Creta fica somente a aproximadamente cem quilômetros ao sul de Thera e portanto teria sofrido os efeitos da erupção em uma escala ainda maior que o Egito.
Na verdade, evidências arqueológicas mostraram que a erupção, portanto, destruiu a infra-estrutura da civilização que foi totalmente dizimada. A tempestade de fogo de Thera pode ter devastado a vida em Creta, mas isso não foi tudo. Durante a erupção na ilha de Krakatoa em 1883, um gigantesco tsunami —uma onda marítima de cerca de trinta metros de altura produzida por movimentos submarinos causados pela erupção vulcânica— varreu 165 vilarejos na costa da Sumatra, numa área entre trinta e oitenta quilômetros do vulcão, e 35 mil pessoas morreram. Com base no evento de Krakatoa, estima-se que um tsunami semelhante teria despojado a costa de Creta após a erupção de Thera. A muralha de água teria fustigado toda a costa norte onde vivia a população, varrendo seus portos, pulverizando cidades e vilarejos. Por volta de 1930, o arqueólogo grego Spyridon Marinatos encontrou evidências dessa mesma ocorrência.
Ao escavar o terreno de Amnisos, o local da cidade costeira da capital minoana de Knossos, ele descobriu uma vila cujas paredes haviam sido deformadas de maneira curiosa. Grandes pedras perpendiculares pareciam ter sido erguidas por algum tipo de força externa brutal, indicando que tinham sido atingidas pelo remanso de uma enorme onda marítima. Parecia que a cidade do porto fora alagada por uma muralha de água que pode muito bem ter sido o resultado da erupção de Thera. Além disso, um artefato egípcio encontrado ali por Marinatos, indica, certamente, que a erupção de Thera não poderia ter acontecido até pelo menos o reinado do faraó egípcio Amenhotep III (Akhenaton), que governou entre 1385 e 1360 a.C. No início do século XVII a.C, um contato comercial íntimo existia entre os minoanos e o Egito. Peças de cerâmica egípcia aparecem com freqüência em escavações de locais minoanos datados dos três séculos seguintes, e até o século XIV a.C, as duas culturas formaram fortes laços diplomáticos.
Ilha de Santorini, local onde ficava o vulcão Thera, que ao explodir “ejetou” a parte central da ilha, hoje ocupada por água.
Um exemplo da troca de mercadorias entre as duas nações foi encontrado por Marinatos nas ruínas de Amnisos embaixo das paredes caídas da vila — os fragmentos quebrados de um jarro de alabastro egípcio. Ele está guardado no Museu Arqueológico Nacional de Atenas desde os anos 1930. No entanto, não foi até 1999 que o arqueólogo grego Kristos Vlachos examinou o artefato e notou suas implicações. Se Amnisos foi destruída na catástrofe de Thera, e se o artefato foi encontrado embaixo de seus muros caídos, a erupção não pode ter acontecido até depois do jarro ser feito. Ele estava decorado com uma inscrição hieroglífica que fazia referência ao trigésimo terceiro ano do reinado do pai de Amenhotep, Tuthmosis IV. Inscrições na tumba de Tuthmosis IV no Vale dos Reis do Egito revelam que este foi o último ano de seu reinado, o que muitos egiptólogos datam de cerca de 1400 a.C, o que significa que a erupção de Thera deve ter acontecido após essa data.
Assim, a erupção do vulcão de Thera parece ter se passado durante a última parte dos cem anos que datam as amostras dos núcleos de gelo. Isso significa que o vulcão explodiu entre 1385 e 1340 a.C, e a data do Êxodo — 1360 a.C. — cai quase no meio desse período de quarenta e cinco anos. Considerando que a história dos antigos egípcios atravessou mais de 3.500 anos, essa coincidência é bastante persuasiva de que os efeitos da erupção de Thera e as pragas do Êxodo foram as mesmas. Há, na verdade, uma última prova que data a erupção com maior exatidão, no ano de 1360 a.C. A maioria dos historiadores que duvidam da história do Êxodo como um evento histórico apontam para o fato de não haver menções históricas a seu respeito nos registros do antigo Egito. Certamente, eles dizem, acontecimentos de tamanha magnitude teriam sido registrados. No entanto, a maioria das escritas egípcias que sobreviveram são inscrições em monumentos de pedra e tumbas.
Elas são de natureza quase exclusivamente religiosa ou foram escritas para celebrar as conquistas dos faraós: batalhas vencidas, presos capturados e posses adquiridas. Registros diários que podem ter incluído referências históricas da erupção de Thera teriam sido feitos em papiros (uma antiga forma de papel) fáceis de serem destruídos, e poucos deles sobreviveram. Há, no entanto, evidências contemporâneas indiretas de que uma catástrofe sem precedentes de fato aconteceu durante o último ano do reinado de Amenhotep III, em 1360 a.C. No último ano de seu reinado, Amenhotep III ergueu literalmente centenas de estátuas em honra à deusa Sekhmet. Em Asher, logo ao sul da capital contemporânea de Tebas, Amenhotep estava no processo de reconstrução de um templo para a importante deusa Mut, quando, de repente, decidiu consagrar o templo a Sekhmet. Além disso, inscrições revelam que ele decretou que Sekhmet deveria substituir Mut como a mais importante deusa. Também ordenou que fossem erguidas centenas de estátuas da deusa.
Ele fez tantas estátuas de Sekhmet, ali e em outros lugares, que praticamente todas as coleções egiptólogas no mundo contém pelo menos um exemplar. O Museu Britânico tem o maior número delas: mais de trinta espécimes em vários estados de preservação. Centenas ainda permanecem em seu lugar de origem no Egito, a maioria no templo de Luxor, no sul do Egito. Foi calculado que havia originalmente cerca de setecentas somente ali. Na verdade, como o egiptólogo Cyril Aldred indicou em 1988, nenhuma outra divindade do Egito antigo está representada por tantas estátuas de grande escala — e quase todas elas foram erguidas por ordem de Amenhotep III. Essas estátuas de Sekhmet são uma óbvia indicação de que, apesar da aparente estabilidade e riqueza do país, algo deu errado. Sekhmet era a deusa da devastação! Por que essas estátuas monumentais da deusa existem em números tão incomparáveis jamais fora explicado com satisfação. O fato de que Amenhotep ergueu mais estátuas para ela — de longe — do que o fez para o principal deus Amon sugere que alguma coisa aconteceu que o tenha feito questionar o poder da divindade maior.
Sekhmet era apresentada como uma leoa ou uma mulher com cabeça de leão. Na mitologia egípcia, ela era a filha do deus do sol Ra e uma vez, chegou quase a aniquilar a humanidade. De acordo com o mito, ela obscurecera o sol e fizera cair fogo dos céus, e a humanidade foi salva somente com a intervenção do próprio Ra. A vingança imaginária de Sekhmet é muito parecida com a calamidade que teria sido causada pela erupção de Thera. Ao acreditar que ela fora a responsável pela catástrofe, Amenhotep pode muito bem ter erguido as estátuas na tentativa de apaziguar a deusa. Sabemos hoje, com certeza, que a erupção aconteceu por volta dos anos de 1385 e 1340 a.C, e sabemos, com certeza, que ela teria devastado o Egito. Considerando outras pistas de que a erupção aconteceu durante o reinado de Amenhotep, o fato de ele ter erguido centenas de estátuas para a deusa da devastação no ano de 1360 é uma evidência bastante reveladora de que esse foi o período exato dos acontecimentos. Eu estava convencido de que a história do Êxodo estava baseada em eventos reais e históricos que ocorreram por volta de 1360 a.C.
A história do Antigo Testamento da invasão israelita de Canaã, alguns anos depois, parecia ser igualmente histórica, assim como foi o estabelecimento do reino de Israel pelo Rei Davi três séculos depois disso. Restavam poucas dúvidas de que o cenário histórico dos acontecimentos bíblicos, nos quais a Arca tem um papel central, era verdadeiro o suficiente. Como conseqüência, temos a Arca como um artefato histórico de muito crédito. Entretanto, isso ainda não podia provar que a Arca, de fato, existiu. Precisava analisar mais a fundo o homem no coração do mistério da Arca — o próprio Moisés. Ele, de fato, existiu? Ou foi apenas uma lenda — a personificação de um sistema religioso que, na realidade, desenvolveu-se muitos anos depois? Além do mais, se ele de fato existiu, havia qualquer precedente histórico que pudesse explicar sua criação máxima, a Arca da Aliança?
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