Oscar Luiz Brisolara
Sempre soubera que elas lá se encontravam, de há milênios...
Mas diferente é a presença mítica desses desses prodígios multiplicados em sua rudeza gigantesca diante de nossos olhos céticos...
Pelo menos cinco mil anos contemplavam-me de sua imponente face pétrea e a um tempo humana e cálida... Como?... Por quê?... Para onde apontam suas extremidades desafiadoras? Para pontos em nosso orbe? Para instâncias do universo? Ou para o íntimo de cada um, mesmo dos que jamais lá estiveram ou estarão?
Um calafrio gelado estremeceu meus sentidos e meu espírito ao sentir-me no interior do próprio mistério do mesmo Egito jamais suficientemente esclarecido... um certo frio inexplicável... um odor incomparável, que se assemelhava a nada, jamais penetrara minhas narinas... meus pulmões... meu mais íntimo dos íntimos... Desejo de permanecer mais... impossível... os demais que me seguiam se inquietavam... seria pisoteado... xingado... Segui...
Ecoavam aos meus ouvidos já os gemidos dos milhares de escravos cujos corpos sofreram o peso e o chicote dos empreiteiros... esmagados alguns sob a imensidão e o peso dos incomensuráveis blocos disformes...
Quando saí pela outra lateral, não era mais o mesmo... uma espécie de magia aglutinara-se definitivamente no meu íntimo... não voltaria jamais a ser o ser que penetrara naquele universo sombrio, gelado, mudo e revelador...
Hoje, sou um catador de sentidos... sentido? as coisas, de fato, possuem algum sentido? Energias de espíritos zumbem aos meus ouvidos? Não... Penetraram-me o mais íntimo do ser e deixaram-me para sempre na busca do ininteligível... que nem por isso deixa de ser mais verdadeiro... tudo o que é,... é a seu modo... é impenetrável... apenas se nos revela... como o olhar de quem nos contempla...
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