segunda-feira, 27 de maio de 2019

AS DIGITAIS DOS DEUSES (19) - AVENTURAS NO MUNDO SUBTERRÂNEO, JORNADAS ÀS ESTRELAS


As Digitais dos deuses (19) – Aventuras no Mundo Subterrâneo, Jornadas às Estrelas
Posted by Thoth3126 on 27/05/2019

A teoria da “hipotética terceira parte” explica as semelhanças e diferenças fundamentais entre o antigo Egito e a antiga Mesopotâmia, ao sugerir que ambos receberam, de um mesmo ancestral remoto, um legado comum de civilização. Nenhuma sugestão séria, no entanto, foi feita sobre o local onde poderia ter existido essa civilização ancestral, sua natureza, ou quando floresceu. Tal como um buraco negro no espaço, ela não podia ser vista. Ainda assim, podemos deduzir-lhe a presença pelos efeitos que produziu sobre coisas que podem ser vistas – neste caso, as civilizações da Suméria e do Egito. Seria possível que o mesmo ancestral misterioso, a mesma invisível fonte de influência, pudesse ter deixado sua marca no México? Se assim fosse, caberia esperar encontrar certas semelhanças culturais entre as antigas civilizações do México e as da Suméria e do Egito.
Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch
Livro “AS DIGITAIS dos DEUSES”, uma resposta para o mistério das origens e do fim da civilização
Por Graham Hancock, livro “AS DIGITAIS DOS DEUSES”, Tradução de Ruy Jungmann, editora Record 2001.

CAPÍTULO 19 – Aventuras no Mundo Subterrâneo, Jornadas às Estrelas

E também imensas diferenças, resultantes dos longos períodos de evolução divergente que separaram essas áreas geográficas nos tempos históricos. Mas poderíamos esperar também que as diferenças fossem menores entre a Suméria e o Egito, que mantiveram contatos regulares entre si no período histórico, do que entre as duas culturas do Oriente Médio e as culturas da distante América Central, que, na melhor das hipóteses, teriam tido apenas contatos ocasionais, superficiais e intermitentes, antes da (re)”descoberta” do Novo Mundo por Colombo em 1492.

Devoradores de Mortos, Monstros da Terra, Reis Estelares, Anões e Outros Parentes

Por alguma curiosa razão que não foi ainda explicada, os antigos egípcios tinham uma preferência especial e reverência por anões. O mesmo aconteceu com os povos civilizados da antiga América Central, retroagindo diretamente ao tempo dos olmecas. Em ambos os casos, acreditava-se que os anões mantinham contato direto com os deuses. E ainda em ambos os casos, eram preferidos como dançarinos e mostrados nesse papel em obras de arte. Nos primórdios do período dinástico do Egito, há mais de 4.500 anos, uma “Enéade” de nove divindades onipotentes era objeto de uma adoração especial dos sacerdotes de Heliópolis.


De idêntica maneira, na América Central, tanto os astecas quanto os maias acreditavam em um sistema todo-poderoso de nove divindades. O Popol Vuh, o livro sagrado dos antigos maias quiche do México e da Guatemala, contém várias passagens que indicam claramente a crença no “renascimento estelar” – a reencarnação dos mortos como estrelas. Depois de terem sido mortos, por exemplo, os Gêmeos Heroicos chamados Hunahpu e Xbalanque “ergueram-se em meio à luz e, no mesmo instante, foram levados para o céu… Em seguida, o arco do céu e a face da terra foram iluminados. E eles habitaram o céu”. Na mesma ocasião, subiram também 400 companheiros dos gêmeos, que haviam sido também mortos, “e assim eles se tornaram novamente companheiros de Hunahpu e Xbalanque e foram transformados em estrelas no céu”.

A maioria das tradições sobre o deus-rei Quetzalcoatl, como vimos acima, focaliza-se em suas façanhas e ensinamentos como civilizador. Seus seguidores no México antigo, porém, acreditavam também que sua manifestação humana havia experimentado a morte e que, em seguida, ele havia renascido como uma estrela. É pelo menos curioso, para dizer o mínimo, descobrir que no Egito, na Era das Pirâmides, há mais de 4.000 anos, a religião oficial girava em torno da crença de que o faraó morto renascia como uma estrela. Eram entoados encantamentos que tinham a finalidade de facilitar o rápido renascimento nos céus do monarca falecido. “Oh, rei, tu és a Grande estrela, o Companheiro de Órion, que cruza o céu com Órion… sobes do leste do céu, sendo renovado em tua devida estação e rejuvenescido em teu devido tempo…”.

Vale lembrar aqui que já encontramos a constelação de Órion entalhada nas planícies de Nazca e que iremos reencontrá-la… Entrementes, estudemos o Antigo Livro Egípcio dos Mortos. Parte de seu conteúdo é tão antigo quanto a própria civilização do Egito e serve como uma espécie de Baedecker [guia turístico] para a transmigração da alma. O livro instrui o morto sobre a maneira de superar os perigos da vida após a morte, permite-lhe assumir a forma de várias criaturas míticas e fornece-lhe as senhas necessárias para ter entrada nos vários estágios, ou níveis, do mundo subterrâneo. Seria uma coincidência que os povos da antiga América Central tivessem uma visão paralela dos perigos da vida após a morte? Reinava a crença geral de que o mundo subterrâneo consistia de nove estratos, pelos quais os mortos viajariam durante quatro anos, superando obstáculos e perigos, Os estratos tinham nomes auto explicativos, tais como “lugar onde as montanhas se chocam”, “lugar onde flechas são disparadas”, “montanha das facas”, e assim por diante, na antiga América Central e no antigo Egito, acreditava-se que a viagem do morto através do mundo subterrâneo era feito em barco, acompanhado de “deuses remadores”, que o levavam de um estágio a outro.

Descobriu-se que a tumba de “Pente Duplo”, governante maia da cidade de Tikal, no século VIII, continha uma representação dessa cena. Imagens semelhantes são encontradas em todo o Vale dos Reis, no Alto Egito, especialmente na tumba de Tutmósis III, um faraó da VIII Dinastia. Seria uma coincidência que os passageiros da barca do falecido faraó e a canoa na qual Pente Duplo fez sua viagem final incluíssem (em ambos os casos) um cão ou divindade com cabeça de cão, uma ave ou divindade com cabeça de ave, um símio ou divindade com cabeça de símio? O sétimo estrato do antigo mundo subterrâneo mexicano era denominado Teocoyolcualloya, “lugar onde feras devoram corações“.

Seria uma coincidência que um dos estágios do submundo do Egito antigo, “a Galeria do Julgamento”, implicasse uma série quase idêntica de símbolos? Nesse momento crucial, o coração do morto era pesado em comparação com uma pena. Se estivesse cheio de pecado, o coração inclinaria a balança em sua direção. O deus Thoth anotava o julgamento em uma paleta e o coração era imediatamente devorado por uma terrível fera, parte crocodilo, parte hipopótamo, parte leão, que era chamada de “a Devoradora de Mortos”. Por último, voltemos ao Egito da Era das Pirâmides e à condição privilegiada do faraó, que lhe permitia evitar o julgamento no submundo e renascer como estrela. Encantamentos rituais faziam parte do processo. Igualmente importante era uma cerimônia misteriosa, conhecida como “abertura da boca”, sempre realizada após a morte do faraó e que arqueólogos acreditam datar dos tempos pré-dinásticos. O sumo sacerdote e quatro atendentes participavam do rito, usando o peshenkhef, um instrumento cerimonial de corte, empregado para “abrir a boca” do deus-rei falecido, medida esta julgada necessária para lhe garantir a ressurreição nos céus.

Altos relevos e vinhetas remanescentes mostrando a cerimônia não deixam dúvida de que o cadáver mumificado recebia um duro golpe físico com o peshenkhef. Além disso, surgiu recentemente prova indicando que uma das câmaras na Grande Pirâmide de Gizé pode ter servido como local da cerimônia. Tudo isso tem uma contrapartida estranha e deturpada no México. Vimos que eram gerais os sacrifícios humanos nos tempos anteriores à conquista espanhola. Seria uma coincidência que o altar sacrificial fosse uma pirâmide, que da cerimônia se encarregassem um sumo sacerdote e quatro atendentes, que um instrumento de corte, a faca sacrificial, fosse usada para aplicar um forte golpe físico no corpo da vítima, e que se acreditasse que sua alma subia diretamente para o céu, evitando os perigos do submundo?


À medida que essas “coincidências” continuam a multiplicar-se, é razoável perguntar se não pode ter havido entre elas alguma ligação subjacente. Este é certamente o caso quando aprendemos que o termo geral para “sacrifício” em toda a América Central antiga era p’achi, que significava “abrir a boca”. Poderia acontecer, por conseguinte, que os fatos que aqui estudamos, ocorridos em áreas geográficas tão distantes entre si e em diferentes períodos da história, não fossem apenas coincidências espantosas, mas alguma obscura e deturpada memória, com origem na antiguidade mais distante? Nada indica que a cerimônia egípcia de abertura da boca tenha influenciado diretamente a cerimônia mexicana do mesmo nome (ou vice-versa, por falar nisso). As diferenças fundamentais entre os dois casos eliminam essa possibilidade. O que de fato parece possível, no entanto, é que suas semelhanças possam ser resquícios de um legado comum, recebido de um ancestral comum.

Os povos da América Central fizeram uma coisa com o legado e, os egípcios, outra, embora algum simbolismo e nomenclatura comum fossem conservados por ambas. Este não é o lugar para nos alongarmos sobre a minha impressão de que existiu uma ligação antiga e vaga, que emerge da prova egípcia e meso-americana. Mas, antes de continuar, importa notar que uma “conectividade” semelhante liga os sistemas de crença do México pré-colombiano e os da Suméria, na Mesopotâmia. Mais uma vez, a evidência sugere mais um antigo ancestral comum do que qualquer influência direta. Vejamos o caso de Oannes, por exemplo. “Oannes” é a versão grega do Uan sumeriano, o nome do ser anfíbio descrito, na Parte II, que se acreditava que trouxe as artes e as perícias da civilização à Mesopotâmia. Lendas que datam de pelo menos 5.000 anos contam que Uan vivia no fundo do mar, emergindo todas as manhãs das águas do golfo Pérsico para civilizar e ensinar à humanidade. Será uma coincidência que uaana, na língua maia, significasse “aquele que mora na água”?

Vejamos também o caso de Tiamat, a deusa sumeriana do oceano e das forças do caos primitivo, sempre apresentada como um monstro devorador. Segundo a tradição mesopotâmica, Tiamat voltou-se contra outras divindades e desencadeou um holocausto de destruição, antes de ser finalmente destruída por Marduk, o herói celestial:

Ela, Tiamat, abriu a boca para devorá-lo. Ele liberou o vento maligno, e ela não conseguiu mais fechar os lábios. Os ventos terríveis encheram-lhe a pança e o coração foi capturado, Ela ficou de boca escancarada, Ele lançou uma flecha, que lhe perfurou a pança, Suas partes internas ele fendeu, e partiu-lhe em dois o coração, Tornou-a impotente e destruiu-lhe a vida, Derrubou-lhe o corpo e em cima dele se pôs de pé.

De que maneira dar prosseguimento a um ato como esse? Marduk podia fazer isso. Olhando o cadáver monstruoso da adversária, “concebeu obras de arte” e o grande plano da criação do mundo começou a tomar forma em sua mente. Seu primeiro ato foi abrir em dois o crânio de Tiamat e cortar-lhe as artérias. Em seguida, quebrou-a em duas partes “como se fosse um peixe seco”, usando uma metade para fazer o telhado dos céus e a outra para criar a superfície da terra. Dos seios de Tiamat fez montanhas, do cuspe, nuvens, e ordenou que os rios Tigre e Eufrates fluíssem de seus olhos”. Lenda estranha, violenta, e antiquíssima. As antigas civilizações da América Central tiveram sua própria versão dessa história. Neste caso, Quetzalcoatl, em sua encarnação de divindade criadora, assumiu o papel de Marduk, enquanto o de Tiamat era representado por Cipactli, o “Grande Monstro da Terra”.

Quetzalcoatl agarrou as pernas de Cipactli “enquanto ela nadava nas águas primevas e partiu-lhe o corpo em duas metades, uma parte formando o céu e, a outra, a terra”. Usando-lhe os cabelos e a pele, criou a relva, flores e ervas, “de seus olhos, poços e fontes, e de seus ombros, montanhas”. Serão esses paralelos peculiares entre os mitos sumeriano e mexicano apenas pura coincidência ou poderiam ambos ter sido marcados pelas impressões digitais de uma civilização perdida? Se assim, as faces dos heróis dessa cultura antiga podem ter sido realmente talhadas em pedra e transmitidas como heranças através de milhares de anos, às vezes à vista de todos, em outras ocasiões sepultadas, até que fossem desenterradas, pela última vez, por arqueólogos em nossa era e recebido rótulos como “Cabeça Olmeca” e “Tio Sam”. As faces desses heróis aparecem também em Monte Albán, onde, aparentemente, contam uma triste história.

Monte Albán: A Queda dos Poderosos

Um sítio arqueológico que se pensa ter uns 3.000 anos, Monte Albán situa-se no topo de uma imensa colina artificialmente nivelada, a cavaleiro de Oaxaca. O sítio consiste de uma enorme área retangular, a Grande Plaza, cercada por grupos de pirâmides e outros prédios, dispostos em relações geométricas precisas entre si. A impressão 
geral causada pelo local é de harmonia e proporção, emergindo de um plano bem-estruturado e simétrico. Seguindo os conselhos dos estudiosos do CICOM, com quem eu havia conversado antes de deixar Villahermosa, dirigi-me em primeiro lugar para o canto sudoeste mais distante do sítio. Ali, empilhado frouxamente contra o lado de uma pirâmide baixa, estavam os objetos que haviam me levado a fazer toda aquela viagem: várias dezenas de estelas entalhadas, mostrando negros e caucasianos… iguais na vida… iguais na morte.

Um sítio arqueológico que se pensa ter uns 3.000 anos, Monte Albán situa-se no topo de uma imensa colina artificialmente nivelada, acima de Oaxaca.

Se uma grande civilização realmente se perdeu nas brumas da história, e se essas esculturas contam parte de sua história, a mensagem transmitida é de igualdade racial. Ninguém que tenha visto o orgulho, ou sentido o carisma, das grandes cabeças de negros de La Venta poderia imaginar realmente que os modelos originais dessas esculturas magistrais tivessem sido escravos. Nem os homens de rosto fino e barba cerrada davam a impressão de que tivessem dobrado os joelhos diante de alguém. Eles, também, exibiam uma postura aristocrática.

Em Monte Albán, contudo, parecia ter sido talhado na pedra um registro da queda desses homens poderosos. E nada indicava que essa decadência pudesse ter sido obra dos mesmos homens que haviam criado as esculturas de La Venta. O padrão de artesanato era baixo demais para isso. Mas era inegável – quem quer que tenham sido e por mais inferior que fosse seu trabalho – que esses artistas haviam tentado mostrar os mesmos sujeitos negroides e os mesmos caucasianos barbudos que eu vira em La Venta. Neste último local, as esculturas haviam refletido força, poder e vitalidade. Ali em Monte Albán, os estrangeiros notáveis eram cadáveres, todos nus, a maioria castrada, alguns dobrados em posição fetal, como se para evitar uma chuva de golpes, enquanto outros pareciam caídos, com as pernas frouxamente abertas.

Arqueólogos disseram que as esculturas mostravam “cadáveres de prisioneiros capturados em combate”. Que prisioneiros? De que origem? O local, afinal de contas, situava-se na América Central, no Novo Mundo, tinha sido construído milhares de anos antes de Colombo. Por isso mesmo, não era estranho que essas imagens de baixas no campo de batalha não mostrassem um único americano nativo, mas apenas e exclusivamente tipos raciais do Velho Mundo? Por alguma razão, estudiosos ortodoxos nada achavam de enigmático nessa situação, mesmo que, por seus próprios cálculos, as esculturas fossem extremamente antigas (datando de alguma época entre os anos 1000 e 600 a.C.). Como em outros locais, esse marco temporal fora obtido em testes com matéria orgânica encontrada conjuntamente com elas, e não nas próprias esculturas, que haviam sido entalhadas em estelas de granito e que por isso mesmo era difícil de datar objetivamente.

Legado

Uma inscrição hieroglífica refinada, ainda não decifrada, mas inteiramente desenvolvida, foi encontrada em Monte Albán, grande parte na mesma estela que as grosseiras figuras negroide e caucasiana. Acreditam especialistas que se trata “da escrita mais antiga conhecida no México”. Era claro também que o povo que vivera nesse local havia sido constituído de construtores talentosos e mais do que habitualmente preocupados com astronomia. Um observatório, consistindo de uma estrutura estranha, em forma de ponta de flecha, orienta-se em um ângulo de 45º em relação ao eixo principal (que foi deliberadamente desviado em vários graus em relação à linha norte-sul).

Penetrando no laboratório, descobri que era um labirinto de túneis minúsculos, estreitos e de íngremes escadas internas, proporcionando linhas de visada para diferentes regiões do céu. O povo de Monte Albán, tal como o de Tres Zapotes, deixou prova clara de seu conhecimento de matemática, sob a forma de computações em barras e pontos. Haviam usado também o notável calendário, criado pelos olmecas e fortemente ligado aos maias, que surgira depois, e que tem o seu fim no dia 21 de dezembro do ano 2012 de nossa era (o fim do 13º Baktun).

Se o calendário e a preocupação com o tempo haviam sido partes do legado de uma civilização antiga e esquecida, os Maias devem ser classificados como seus herdeiros mais fiéis e inspirados. “O tempo”, como disse o arqueólogo Eric Thompson em 1950, “era o mistério supremo da religião maia, um tema que saturava o pensamento desse povo em uma extensão sem paralelo na história da humanidade”. Enquanto continuava minhas jornadas pela América Central, eu me sentia cada vez mais profundamente atraído para os labirintos desse enigma estranho e intimidador.

Mais informações, leitura adicional:

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