A Revelação Templária – 6A – A Herança dos Templários
Posted by Thoth3126 on 24/10/2019
Capítulo VI – A HERANÇA DOS TEMPLÁRIOS
Muitos historiadores consideram os violentos acontecimentos do princípio do século XIV como o derradeiro cair do pano para a Ordem dos Cavaleiros Templários – e, portanto, não procuram quaisquer sinais de continuação da sua existência. Mas a tradição ocultista sempre falou de descendentes espirituais desses Cavaleiros Templários, que continuam a viver entre nós, atualmente, e existem sociedades modernas que reclamam serem esses descendentes. Além disso, uma mudança em nossa recente investigação provou, de forma convincente, que a ordem sobreviveu e exerceu (e ainda exerce) uma enorme influência na cultura ocidental…
Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch
Capítulo 06A – A HERANÇA DOS TEMPLÁRIOS – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.
CAPÍTULO VI – A HERANÇA DOS TEMPLÁRIOS
… As implicações disso são profundas e de longo alcance. Porque se eles eram, como nós e outros investigadores acreditam, colecionadores de conhecimento esotérico, ocultista e alquímico, então qualquer sobrevivência templária aponta para algum tipo de continuação dos grandes segredos, através de uma tradição ocultista que pode ainda hoje existir.
Esses segredos – que talvez incluam conhecimento científico de velhos alquimistas e práticas mágicas das tradições esotéricas orientais – podem continuar vivos, mesmo na nossa comunidade atual. Se for assim, então, como exemplos primordiais de um antigo sistema herético de crença e de prática, os Templários atuais podiam lançar alguma luz sobre a nossa investigação. Mas primeiro temos de nos convencer de que os Templários, de fato, não se extinguiram.
O bom-senso dita que a ideia de que a Ordem dos Cavaleiros Templários, tão altamente organizados, não resistirem e morrerem submissamente no século XIV é inverosímil. Para começar, nem todos os Cavaleiros Templários da Europa foram presos em simultâneo naquela sexta-feira, dia 13 de outubro. Esse tipo de cataclismo para a ordem só aconteceu na França – e, mesmo lá, alguns Cavaleiros saíram de cena discretamente.
Noutros países houve, se foi o caso, uma escala variável de perseguição e supressão. Na Inglaterra, por exemplo, Eduardo II recusou-se a acreditar que os Templários fossem culpados das acusações que lhes foram feitas e travou um acalorado debate com o papa sobre a questão. Recusou terminantemente aplicar tortura aos Cavaleiros Templários ingleses.
Na Alemanha, registrou-se uma cena verdadeiramente hilariante. Hugo de Gumbach, mestre Templário da Alemanha, fez uma entrada dramática no concilio convocado pelo arcebispo de Metz. Vestido com grande uniforme e acompanhado por vinte cavaleiros, cuidadosamente selecionados e experientes no combate, proclamou que o papa era perverso e devia ser deposto, que a ordem estava inocente – e, a propósito, que os seus homens estavam desejosos de serem submetidos a julgamento por combate contra a assembleia ali reunida… Após um silêncio estupefato, o caso foi rapidamente abandonado e os cavaleiros viveram para provar a sua inocência noutra ocasião.
Em Aragão e Castela (Espanha), os bispos presidiram a julgamentos dos Templários – mas declararam-nos inocentes. Contudo, por mais clementes e liberais que os juízes desejassem ser em relação aos cavaleiros, nenhum deles se podia permitir ignorar as ordens do papa para dissolver a ordem em 1312. Mas, mesmo em França, relativamente poucos Cavaleiros foram executados – muitos foram libertados após se terem retratado – e, noutros países, reagruparam-se simplesmente sob outro nome ou ingressaram noutras ordens existentes, como a Ordem dos Cavaleiros Teutônicos.
Assim, historicamente, há poucas provas de que os Cavaleiros Templários fossem efetivamente exterminados. É evidente que eles se teriam ocultado para se reagruparem em uma nova ordem ou sociedade secreta. De fato, o processo da sua dissolução virtualmente o garantia.
Recordemos que os soldados de categoria inferior eram muito diferentes do círculo interno, os cavaleiros guerreiros de elite que não só geriam a organização mas eram também um repositório de conhecimento secreto. E muito provável que os cavaleiros de ambos os níveis partissem e fundassem os seus próprios movimentos secretos, dando início efetivo a duas organizações distintas, cada uma delas reivindicando possuir a verdadeira ascendência templária.
Após o desmantelamento dos Templários, a maior parte das suas terras foi entregue aos seus rivais, os Cavaleiros Hospitalários. Na Escócia, Portugal e na Inglaterra, no entanto, grande parte desta transferência de propriedade não se verificou, e há provas de que os antigos bens dos Templários, em Londres, ainda eram propriedade de famílias descendentes dos Templários numa data tão tardia como 1650. Mas não é na continuidade da propriedade da terra e dos edifícios que estamos interessados, mas na perpetuação do conhecimento esotérico, alquímico e ocultista dos Templários.
Interior da Temple Church, a Igreja dos Templários em Londres, Inglaterra, é um belíssimo exemplar medieval de arquitetura gótica. Foi construído no século XII pela Ordem dos Cavaleiros Templários, e consagrada à Virgem Maria, em 10 de fevereiro de 1185, por Heraclius, patriarca de Jerusalém. A igreja é unida por duas seções. A nave original e mais antiga, circular, é a Igreja Redonda. A outra seção, retangular, construída meio século mais tarde, hoje é chamada de Presbitério.
Embora não existam provas conclusivas de que os Templários eram os cérebros que inspiraram a rede secreta alquímica, sabemos que o «círculo interno» estava interessado na alquimia – como vimos na proximidade entre centros alquímicos, como Alet-les-Bains, e postos avançados templários. E, como vimos, os alquimistas – como os Templários – prestavam uma veneração especial a João Batista.
Recentemente, vários comentadores apresentaram provas convincentes de que a maçonaria teve a sua origem na Ordem dos Cavaleiros Templários: tanto que em The Temple and the Lodge, de Michael Baigent e de Richard Leigh, bem como Bom in Blood do historiador-investigador americano John J. Robinson, chegaram a essa conclusão, apesar de abordarem o tema sob perspectivas completamente distintas.
O primeiro investiga a continuidade Templária na Escócia, enquanto o último incide mais no estudo retrospectivo, partindo do moderno ritual maçônico para as suas origens – e, mais uma vez, chega aos Templários. Assim, estes dois importantes livros complementam-se, oferecendo um quadro mais ou menos completo da ligação entre as duas grandes organizações secretas.
O único ponto importante de desacordo entre Baigent/Leigh e Robinson é o fato de os primeiros considerarem que a maçonaria se formou a partir de Templários isolados na Escócia que, em 1603, partiram para Inglaterra, com a ascensão do rei escocês, Jaime VI, ao trono inglês e subsequente influxo de aristocracia escocesa.
Robinson, por outro lado, pensa que os Templários, na Inglaterra, se transformaram em maçônicos. Ele está convencido de que os Templários estiveram por detrás da Revolta dos Camponeses de 1381, que atacou especificamente os bens da Igreja e os dos Cavaleiros Hospitalários – os dois grandes inimigos dos Templários – e fez tudo para evitar danificar antigos edifícios templários.
Para muitos leigos, a Maçonaria é apenas um bizarro clube de velhos amigos, uma rede de associados que proporciona lucrativos contatos de negócios e influências aos seus membros. O seu lado ritual é considerado ridículo – com os irmãos a arregaçar uma perna das calças e a prestar juramentos arcaicos e sem sentido. As coisas podem ter mudado, mas a Maçonaria dos primeiros tempos era uma escola de mistério, era diferente, com iniciações solenes que se inspiravam nas antigas tradições secretas e que eram especificamente destinadas a conferir iluminação transcendental, além de ligar mais intimamente os iniciados aos seus irmãos.
Na sua origem, era uma organização secreta, explicitamente interessada na transmissão do conhecimento sagrado. Muita coisa, a que chamaríamos ciência, proveio, de fato, daquela irmandade – como podemos verificar pela formação da Royal Society de Inglaterra (The Royal Society of London for the Improvement of Natural Knowledge), em 1662, que estava, e está, relacionada com a recolha e promulgação de conhecimento científico. Foi a instituição oficial do primeiro «Colégio Invisível» dos maçônicos que fora formado em 1645. (E, tal como na época de Leonardo Da Vinci, o conhecimento científico e ocultista – longe de serem antagônicos – eram considerados idênticos).
Embora, sem dúvida, muitos maçônicos modernos aceitem a sua iniciação solenemente e com um sentido de espiritualidade, o quadro global é o de uma organização que esqueceu completamente o seu significado original. De fato, a corrente dominante da Maçonaria atual é a da Grande Loja, cuja formação é relativamente recente – no dia de João Baptista (24 de Junho), em 1717.
Antes desta data, a Maçonaria fora uma verdadeira sociedade secreta, mas o aparecimento da “Grande Loja” marcou uma era em que ela já se transformara num famoso clube de jantares e que se tornara semi-pública porque já não havia segredos a guardar, pois eles foram completamente esquecidos. Então, de quando data a Maçonaria real?
A mais antiga referência conhecida é de 1641, mas, se existe uma ligação aos Templários, é óbvio que ela é muito mais antiga. John J. Robinson cita exemplos de lojas maçônicas existentes nos anos 80 do século XIV e um tratado de alquimia datando dos meados do século XV, que, explicitamente, usa o termo «maçônico».
Os próprios maçônicos afirmam ter emergido das corporações de pedreiros da Inglaterra medieval – que tinham criado gestos e códigos secretos de reconhecimento por possuírem o conhecimento, potencialmente perigoso, da geometria sagrada, descoberto pelos Templários no Oriente. Mas, como a extensa e meticulosa investigação de John J. Robinson demonstrou contra todas as expectativas, estas corporações tornaram-se conspícuas pela sua ausência na Inglaterra medieval.
Outro mito maçônico é a sua pretensão de que os pedreiros (maçons) herdaram o seu conhecimento secreto diretamente dos construtores do fabuloso Templo de Salomão. Nesse caso, por que ignoraram outro grupo com ligações mais óbvias ao templo? Parecem estar a evitar a ligação mais óbvia de todas: o grupo cujo nome completo era Ordem dos Cavaleiros Mendicantes de Cristo e do Templo de Salomão – por outras palavras, os Cavaleiros Templários.
A estrutura da maçonaria atual, mais um mero sistema de controle, mesmo nos graus mais elevados …
Contudo, antes da formação da Grande Loja, os maçônicos, de fato, promulgaram algum tipo de informação sobre a geometria sagrada, alquimia e hermetismo que os Templários tinham discutido em seu círculo mais fechado.
Por exemplo, os primeiros maçônicos estavam muito interessados na alquimia: um tratado alquímico de meados do século XV alude aos maçônicos como «trabalhadores da alquimia» e um dos primeiros iniciados maçônicos foi registado como sendo Elias Ashmole (iniciado em 1646), fundador do Ashmolean Museum de Oxford, que era alquimista, hermético e rosacruz. (Ashmole foi a primeira pessoa a escrever em defesa dos Templários, desde a sua aparente extinção no século XIV.)
Uma jóia-da-coroa da geometria sagrada é o curioso e fascinante edifício chamado «Rosslyn Chapel», situado a algumas milhas de Edimburgo, na Escócia. Vista do exterior, parece muito delapidada, quase em risco de ruína completa, mas o interior é espantosamente sólido – como, na verdade, teria de ser, porque a Capela Rosslyn é a sede oficial dos atuais maçônicos e de várias organizações Templárias.
Construída entre 1450 e 1480 (n.T. portanto muito antes de qualquer ideia de maçonaria existir como algum tipo de sociedade) por Sir William St. Clair, senhor de Rosslyn, destinava-se a ser apenas a capela das senhoras, fazendo parte de um edifício muito mais amplo que se supunha ser baseado no desenho do Templo de Salomão, mas acabou por se erguer isolada ao longo dos séculos.
Os Saint Clair (mais tarde, o seu nome transformou-se em Sinclair) viriam a ser os patronos hereditários dos maçônicos da Escócia, a partir do século XV certamente, não é coincidência que, antes dessa data, eles exercessem as mesmas funções em relação aos Cavaleiros Templários.
Desde o início de sua construção que a Ordem dos Templários estava relacionada com Rosslyn Chapel e com os Sinclairs: o grão-mestre fundador, Hugues de Payens, era casado com Catherine Saint Clair. Descendentes de vikings, os St. Clairs/Sinclairs são uma das mais intrigantes e notáveis famílias da história e foram importantes na Escócia e em França desde o século XI. (Curiosamente, o seu nome de família derivou do mártir escocês Saint-Clair, que foi decapitado.) Hugues e Catherine visitaram as terras dos St. Clair, próximas de Rosslyn, e fundaram ali o primeiro posto avançado da Ordem dos Cavaleiros Templário da Escócia, o qual se tomou o seu quartel-general.
Vista aérea de Rosslyn Chapel, um livro escrito em pedra, para quem “tiver olhos para ver” …
Como vimos, Pierre Plantard adotou o nome «de Saint-Clair», ligando-se, deste modo deliberado, ao ramo francês desta antiga família. Vários comentadores têm-se interrogado se ele está habilitado a usar esta designação, mas há, pelo menos, uma boa razão para ele o fazer.
Certamente que os cavaleiros Templários fizeram da Escócia o seu principal refúgio, após a sua extinção oficial na França – talvez porque era a pátria de Robert Bruce, que fora excomungado, de modo que o papa, nesse momento, não tinha autoridade na Escócia. E Baigent e Leigh estão convencidos de que a Armada templária desaparecida (ou parte dela) de fato se dirigiu e aportou junto à costa escocesa.
Um dos acontecimentos históricos e dos mais críticos das ilhas Britânicas foi, sem dúvida, a batalha de Bannockburn, travada a 24 de Junho (dia de João Batista) de 1314, quando as forças de Robert Bruce venceram decisivamente os ingleses. Contudo, a evidência sugere que eles tiveram um formidável auxílio – sob a forma de um contingente de Cavaleiros Templários que conseguiram a vitória na última hora.
Certamente, é nisso que acreditam os atuais Cavaleiros Templários escoceses (que se reclamam descendentes dos Cavaleiros fugitivos), quando comemoram o aniversário da Batalha de Bannockburn, em Rosslyn, como sendo a ocasião em que «foi levantado o Véu dos Cavaleiros Templários». Um dos cavaleiros que lutou ao lado de Robert Bruce, em Bannockburn, foi (um outro) Sir William St. Clair, que morreu em 1330 e foi sepultado em Rosslyn – num túmulo tipicamente templário.
A Capela Rosslyn contém aparentes anomalias na sua decoração. Cada centímetro quadrado do interior da capela está coberto de símbolos gravados em pedra e o edifício, no seu todo, é desenhado em harmonia com os altos ideais da geometria sagrada. Grande parte dele é inegavelmente Templário e muito posteriormente, maçônico.
Ostenta o «Pilar do Aprendiz», um paralelo explícito com o mito de Hiram Abiff, e o aprendiz, nele representado, é conhecido como «o Filho da Viúva», um termo maçônico de grande significado (que também é importante nesta investigação). O lintel, imediato a este pilar, ostenta a inscrição:
“O vinho é forte, o rei é mais forte, as mulheres são as mais fortes, mas a VERDADE vence tudo”.
Mas, enquanto muito do simbolismo de Rosslyn é claramente maçônico, pelo menos outro tanto é definitivamente templário: a planta da capela baseia-se na cruz templária, e há gravuras que incluem a famosa imagem do selo dos Templários: dois homens montando um só cavalo. Um antigo bosque vizinho foi plantado em forma de cruz templária.
O selo Templário, dois cavaleiros montados no mesmo cavalo …
Tudo isto é muito curioso porque, de acordo com os textos históricos, a Maçonaria data apenas do final do século XVI, e os Templários já não eram uma força a considerar após 1312. Assim, as imagens da capela, que são posteriores a 1460, seriam demasiado antecipadas para a Maçonaria e demasiado tardias para os Templários.
Há, no entanto, muito simbolismo na Capela Rosslyn que, classicamente, não é maçônico nem templário. Há uma super abundância de imagens pagãs – e mesmo algumas islâmicas. E, no exterior da capela, há uma representação gravada de Hermes – uma clara alusão ao hermetismo – enquanto o interior está ornado com mais de uma centena de representações do Homem Verde, o deus da Vegetação dos celtas pagãos.
Tim Wallace Murphy, na sua história oficial da Rosslyn Chapel, associa o Homem Verde a Tamuz, o deus babilônico que morre e ressuscita. Todos estes deuses têm atributos similares e, muitas vezes, são representados com o rosto verde – embora o deus que com maior frequência era assim representado seja Osíris, o consorte de ÍSIS.
Quando visitamos Niven Sinclair, membro desta ilustre e milenar família, fomos virtualmente bombardeados com provas de que os Sinclairs tinham sido não apenas Templários mas também pagãos. Niven, um apaixonado investigador da história de Rosslyn e dos Sinclairs deu-nos algumas informações muito reveladoras do que acontecera ao conhecimento templário perdido. Segundo Niven, ele foi codificado na estrutura da Capela de Rosslyn, para ser transmitido às futuras gerações. Segundo as suas palavras, «o conde William St. Clair construiu a capela numa época em que os livros podiam ser queimados ou proibidos. Ele queria deixar uma mensagem para a posteridade gravada em pedra».
Como Niven se entusiasmou com este tema, convenceu-nos do autêntico engenho do seu antepassado Sir William, ao criar este livro de pedra. Como ele disse: «Se forem a Catedral de S. Paulo, podem compreendê-la numa só visita. Se foram à Capela Rosslyn, não podem. Já lá estive centenas de vezes, e cada vez que lá entro encontro alguma coisa nova. É esta a beleza do lugar.”
Rosslyn está longe de ser uma típica capela cristã. De fato, Niven foi a ponto de afirmar:
«Dizia-se que o conde William construiu a Capela Rosslyn para “a maior glória de Deus”. Se é assim, é extraordinário que se encontrem nela tão poucos símbolos cristãos.»
O layout de Rosslyn Chapel, que foi iniciado em 1440, é uma réplica exata do plano térreo do Terceiro Templo, em Jerusalém, construído em Jerusalém por Herodes e destruído no século I pelos romanos. O layout do Templo de Herodes não era conhecida por arqueólogos até meados do século XIX, quase 400 anos após a construção de Rosslyn; A família Sinclair, através dos Cavaleiros Templários, foram detentores do segredo.
Na Idade Média, os Sinclairs promoveram ativamente celebrações pagãs e ofereceram refúgio a ciganos (os quais eram considerados incluídos «entre os últimos defensores ativos do culto da deusa – o feminino divino – na Europa»). E é significativo que muitas autoridades acreditem que havia uma Madona Negra na cripta da Capela Rosslyn.
Já tínhamos percebido, com alguma surpresa, que os Templários não eram, de modo algum, os devotados cavaleiros católicos da imaginação popular. A imagem que tinham criado de si mesmos, como cobertura, fora extremamente bem sucedida, mas era óbvio que eles tinham pretendido deixar indicações das suas verdadeiras preocupações ( e de seu conhecimento) para «aqueles que tinham olhos para ver». A decoração da Capela Rosslyn era um exemplo desta mensagem críptica mas reveladora.
O amor e a preservação do conhecimento professados pelos Templários foram decisivos para que, em Rosslyn, também encontrássemos o «Manuscrito Rosslyn-Hay», o mais antigo exemplar conhecido de prosa escocesa. E uma tradução dos escritos de Renê d’Anjou sobre cavalaria e governo, e na sua encadernação lê-se esta inscrição: «JHESUS [sic] – MARIA – JOHANNES» (JESUS, Maria, João). Como afirma Andrew Sinclair em The Sword and the Grail (1992):
A associação do nome de S. João ao de Jesus e de Maria é invulgar, mas ele era venerado pelos gnósticos e pelos Templários. Outra característica notável desta encadernação é o uso do Agnus Dei, o Cordeiro de Deus… Na Capela Rosslyn também está gravado o selo templário do Cordeiro de Deus.
O conde William e René d’Anjou eram amigos, sendo ambos membros da Ordem do Tosão de Ouro, um grupo cujo objetivo declarado era restaurar os velhos ideais de cavalaria e de fraternidade dos Cavaleiros Templários.
É claro que os Templários sobreviveram na Escócia e continuaram a agir publicamente, não apenas em Rosslyn mas também em vários outros lugares. Contudo, em 1319, a sua vida tranquila foi mais uma vez ameaçada quando a excomunhão de Robert Bruce foi levantada e a sombra da autoridade do papa voltou a persegui-los.
Em dado momento, houve mesmo uma clara possibilidade de uma cruzada ser lançada contra a Escócia, e, embora ela não se concretizasse, os Templários escoceses consideraram prudente ocultarem-se, como tantos dos seus irmãos europeus; e foi isto, dizem, que deu origem ao início da Maçonaria.
Curiosamente, certos ramos da Maçonaria sempre reivindicaram serem descendentes dos Templários e terem a sua origem na Escócia, mas poucos historiadores – mesmo no seio da própria maçonaria – os levaram a sério. Este maçônicos «templaristas» podem ter herdado, pelo menos parcialmente, os genuínos segredos templários (n.T. Isto, nenhuma ordem maçônica conseguiu…). O seu conhecimento, que incluía a sabedoria hermética e alquímica, além da ciência da geometria sagrada, ainda é considerado valioso – talvez mais valioso porque visa questões muito diferentes das do mundo moderno em geral.
Foi um escocês, Andrew Michael Ramsey, que proferiu o que se tornou conhecido por «Oração de Ramsey», em 1737, perante os maçônicos de Paris. Cavaleiro da Ordem de S. Lázaro – e tutor do Bonnie Príncipe Charlie – o «Cavaleiro» Ramsey fez questão de recordar à irmandade que eram descendentes dos cavaleiros cruzados, o que era uma referência mal disfarçada aos Templários. Foi do seu interesse usar esta terminologia enviesada porque os Templários ainda eram considerados malditos na sociedade francesa. A oração também afirmava, polemicamente, que os maçônicos tinham origem nas escolas de mistério das deusas Diana, Minerva e ÍSIS.
A oração tem sido muito escarnecida, ao longo dos anos, não só devido à última afirmação quanto às origens no culto da deusa mas também porque o cavaleiro Ramsey afirmou que a ordem não descendia dos pedreiros (maçons) medievais. As autoridades neste assunto atacaram esta afirmação, alegando que, como ela era obviamente falsa, punha em questão toda a oração. Mas, como vimos, investigações recentes provaram que não existiram corporações de pedreiros na Inglaterra medieval, portanto, talvez devêssemos dar ao bom cavaleiro o benefício da dúvida relativamente a esta – e às suas restantes afirmações.
A oração de 1737 foi a primeira indicação pública de que a Maçonaria descendia dos Templários – poderá haver qualquer ligação com o fato de, um ano mais tarde, o papa condenar toda a irmandade de maçônicos? Espantosamente, mesmo nesta data tardia, a Inquisição prendeu e torturou maçônicos, em consequência direta desta bula papal.
Depois das fortes insinuações de Ramsey acerca da ligação templária, surgiu uma declaração mais explícita e mais autorizada. Num dos episódios mais polêmicos da história da maçonaria, Karl Gotthelf, barão de Von Hund und Alten-Grotkau, declarou que fora iniciado na ordem maçônica do Templo, em Paris, em 1743, e que lhe fora revelada a «verdadeira» história da maçonaria e fora autorizado a fundar lojas maçônicas, segundo aquela linha de autoridade, a qual ele denominou «Estrita Observância» – embora, curiosamente, ela fosse conhecida na Alemanha por Irmandade de João Batista.
O layout de Rosslyn Chapel, cuja construção foi iniciada em 1440, é uma réplica exata do plano térreo do Terceiro Templo, em Jerusalém, construído em Jerusalém por Herodes e destruído no século I pelos romanos. O layout do Templo de Herodes não era conhecido por arqueólogos até meados do século XIX, quase 400 anos após a construção de Rosslyn; A família Sinclair, através dos Cavaleiros Templários, foram detentores do segredo.
A verdadeira história, que lhe fora revelada, incluía a seguinte informação: quando os Templários foram extintos, alguns Cavaleiros tinham fugido para a Escócia e ali se tinham estabelecido. Von Hund possuía uma lista dos supostos nomes dos grão-mestres que sucederam a Jacques de Molay no movimento templário secreto, após a extinção.
As lojas de Von Hund tiveram um sucesso imprevisto e quase imediato, mas, infelizmente, ele não tinha amigos entre os historiadores, os quais o declararam um completo charlatão e rejeitaram a sua versão da «verdadeira história» como sendo «um completo absurdo». Menosprezaram igualmente a sua lista de alegados grão-mestres. A principal razão desta total rejeição foi o fato de as suas afirmações serem baseadas nas palavras de contatos anônimos – que Von Hund denominava «superiores desconhecidos (ocultos)» -, e, parecia, portanto, que ele tinha inventado tudo.
De fato, informações confidenciais anônimas são ocorrências frequentes no interior dos grupos ocultistas, como podemos confirmar, e, recentemente, alguns nomes muito credíveis foram imputados aos superiores desconhecidos; por isso, parece que, afinal, ele poderia estar dizendo a verdade sobre os seus contatos ocultos.
Curiosamente, os historiadores nunca conseguiram apresentar uma lista definitiva dos grão-mestres dos Templários históricos – devido à natureza incompleta dos arquivos disponíveis. No entanto, a lista de Von Hund é idêntica à que surge nos Arquivos Secretos do Priorado de Sião. As investigações de Baigent, Leigh e Lincoln convenceram-nos de que a lista do Priorado é a mais exata que se conhece; embora, devido à escassez de registros, nunca se possa ter a certeza, ela resiste ao escrutínio acadêmico e pode ser considerada correta.
Mas, apesar de a lista do Priorado poder – para ser cínico – ter sido inventada nos anos 50, é improvável que a de Von Hund tivesse sido igualmente inventada, em 1750, quando não existiam registros disponíveis nem investigações históricas sobre os Templários. No mínimo, o elo de ligação revela uma tradição conjugada entre a Estrita Observância Templária e o Priorado de Sião.
Apesar de muito se ter escrito sobre as afirmações e a organização de Von Hund, há uma curiosa falta de especulação sobre o que podia ter sido a sua motivação oculta. De fato, a sua estrita observância era basicamente uma rede alquímica, e ele próprio era, antes de mais nada, um alquimista. Estava Von Hund a continuar a tradição templária?
Seja qual for a verdade que inspirou a organização e as preocupações de Von Hund, a Maçonaria Templarista em breve estava bem implantada e ia tornar-se uma importante forma de Maçonaria em ambas as margens do Atlântico. (Fora avançada a ideia de que os Templários efetivamente se «ocultaram» nos mais altos graus da Maçonaria.) A Maçonaria Templarista também influenciou novos acontecimentos que iriam tornar-se importantes para a nossa linha de investigação – a Maçonaria de Rito Escocês, especialmente a forma conhecida por Rito Escocês Rectificado, que é particularmente poderosa em França.
Os maçônicos franceses têm uma lenda curiosa acerca de «mestre Jacques», uma figura mítica que era patrono das corporações medievais de pedreiros franceses. De acordo com a história, ele foi um dos mestres pedreiros que trabalhou no Templo de Salomão. Depois da morte de Hiram Abiff, deixou a Palestina e, com treze companheiros, embarcou para Marselha.
Os partidários do seu grande inimigo, o mestre pedreiro padre Soubise, decidiram matá-lo, por isso ele escondeu-se numa caverna em Sainte-Baume – a mesma que viria a ser ocupada por Maria Madalena. De nada lhe valeu: foi traído e morto. Os maçônicos ainda continuam a fazer uma peregrinação ao local, todos os anos, a 22 de Julho.
Outro forte candidato ao papel de herdeiro do conhecimento esotérico dos Templários é o movimento conhecido por Rosacruz. Outrora muito ridicularizado pelos historiadores do princípio do século XVII, está a ganhar terreno o reconhecimento de que ele tem verdadeiras raízes nas tradições da Renascença. O movimento Rosacruz, como um ideal, ou atitude – embora não nominalmente – é reconhecido como a força inspiradora da Renascença, um ideal simbolizado em Leonardo.
Como escreve Dame Frances Yates:
Talvez não estivesse na visão de um mago que uma personalidade como Leonardo fosse capaz de coordenar os seus estudos matemáticos e mecânicos com o seu trabalho artístico.
Continua …
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