Qual a “Causa” dos protestos no Chile? (um alerta para os ‘políticos’ do Brasil)
Posted by Thoth3126 on 22/10/2019
Em poucos dias, um (pseudo) país rico e tranquilo e um “paraíso” apontado pelos “liberais” se transformou num local fora de controle, com o governo recorrendo aos militares para impor a ordem pública ao ter que enfrentar os mais violentos protestos em cincoenta anos. O que desencadeou a crise mais grave desde o retorno do Chile à democracia? Afinal o Chile é apontado como um (falso) oásis na América do Sul, um modelo a ser seguido pelos demais países!
Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch
O que está por “trás e por dentro” dos protestos no Chile? Aumento do custo de vida e “desconexão dos políticos com os cidadãos” (algo comum em vários países, onde políticos vivem à parte da sociedade que os elegeu) explicariam em parte a explosão social chilena.
Fonte: https://p.dw.com/p/3Reui
Há pouco menos de um mês para o início da reunião de cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), em Santiago, na qual líderes como o chinês Xi Jinping e o russo Vladimir Putin já confirmaram presença, a situação política e social no Chile explodiu em violentos protestos e está longe de voltar a ser calma.
O envio de dispositivos militares armados e policiais uniformizados não conseguiu conter a fúria das centenas de manifestantes que têm várias cidades no Chile mergulhadas em um verdadeiro caos.
Desde as primeiras manifestações contra o aumento da passagem de metrô na capital, que começaram na segunda-feira (14/10), os eventos avançaram a uma velocidade vertiginosa. O bilhete aumentou de um valor equivalente a 1,12 dólar para apenas 1,16 dólar, um aumento insignificante, mas a medida não foi suficiente para arrefecer os protestos, que ganharam novas demandas.
O descontentamento se traduziu em panelaços, saques, destruição de estações de trens metropolitanos e queimas de ônibus, supermercados e outros edifícios na capital – ações que logo se espalharam para outras partes do país.
O governo chileno afirmou que “criminosos” são responsáveis pelos protestos violentos que já causaram 11 mortes. O presidente Sebastián Piñera decretou estado de emergência, que se transformou em um toque de recolher – medidas que não eram vistas desde o retorno à democracia, com o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990, salvo em casos de catástrofes naturais. E essas medidas apenas agravaram a situação.
O El Mercúrio é o jornal mais antigo do Chile fundada em 1827. Os manifestantes quebraram a porta de entrada e queimaram o interior do edifício.
Piñera afirmou na noite deste domingo (20/10) que o país está “em guerra contra um inimigo poderoso, implacável, que não respeita ninguém e está disposto a usar a violência e a delinquência sem limite algum”.
O governo mantém em estado de emergência, totalm ou parcialmente, em dez das 16 regiões do país: a região metropolitana de Santiago, Antofagasta, Coquimbo, Valparaíso, Maule, Concepción, Bío Bío, O’Higgings, Magallanes e Los Ríos.
No fim de semana, estações de metrô foram fechadas em Santiago e Valparaíso, havia pouco transporte coletivo à disposição da população, supermercados não abriram, e em algumas áreas as aulas foram suspensas. Ao se procurar exemplos desse tipo de desordem, o caos vivido após o terremoto de 27 de fevereiro de 2010 é o único antecedente que pode ser encontrado nos últimos 25 anos.
“O governo, em vez de expressar empatia, baseia sua resposta em uma ‘mão dura’ que nega o sofrimento e as exigências justas da população”, afirma o sociólogo Jorge Saavedra, da Universidade de Cambridge. Para ele, essa atitude se arrasta há muito tempo e tem sido, em parte, responsável pelo generalizado e radical descontentamento dos cidadãos com o governo e a classe política.
Bombeiro tenta combater as chamas em supermercado em Valparaíso, no Chile, durante onda de protestos contra o governo Imagem: Rodrigo Garrido/Reuters…
Saavedra critica ainda declarações de ministros “menosprezando as pessoas e seu sofrimento” – por exemplo, quando lhes dizem que esperar longas horas na fila da saúde pública é uma oportunidade de convivência social. “Essas declarações são sinal do desdém de um governo que não tem habilidade de comunicação para mostrar empatia por quem vive um momento ruim.”
“Um povo maltratado que se cansou”
Mas como explicar essa explosão num país que mostra números macroeconômicos positivos e é frequentemente visto como um lugar tranquilo? Há uma semana, o próprio presidente Piñera afirmou que o Chile era um “oásis” na América Latina.
“Não é prudente cuspir em direção ao céu, especialmente quando há fraturas sociais escondidas que não foram processadas corretamente”, afirma o analista político Cristóbal Bellolio, doutor em filosofia política pela University College London (UCL).
Essas fraturas têm a ver com uma qualidade de vida que geralmente está acima das possibilidades das pessoas. “Nós, chilenos, estamos pagando por serviços mais caros do que nossos bolsos nos permitem pagar”, explica Bellolio.
Com pelo menos 11 pessoas mortas e cem feridos e mais de 2000 presas, o surto social no Chile parece não ter fim. Em um novo dia de protestos, milhares de pessoas tomaram o centro da Plaza Italia, em Santiago, na maior manifestação neste lugar desde o início dos protestos na sexta-feira.
“Quando o Chile tem sua imagem arranhada, fica em evidência uma enorme injustiça social, cultural, econômica e política. A boa imagem foi sustentada sobre pilares fracos que se apoiavam, em grande medida, na paciência de um povo maltratado que se cansou”, completa Saavedra.
O aumento do preço da passagem de metrô foi apenas o estopim, em um país onde os serviços básicos estão sendo privatizados, a previdência social é precária e um amplo setor da população está descontente com os privilégios de “alguns setores” da sociedade.
“O que começou contra o aumento da passagem passou a ter uma maior articulação discursiva quando se apresentou como um repúdio generalizado ao aumento sistemático do custo de vida”, afirma Bellolio.
Para o especialista, as demandas sociais poderão ser afetadas pela violência dos protestos. “Os movimentos sociais têm suas demandas tratadas pelas autoridades na medida em que gozam de simpatia pública. E se incendiarmos as estações de metrô e supermercados, que são a fonte de emprego daqueles que vivem ao nosso redor, as pessoas ficam cansadas dos protestos”, diz.
A reação do presidente Sebastián Piñera não acalmou a situação, ele disse que há uma “guerra” “Isso não é para ser, não para o irmão”, disse um manifestante à TV local, quando em um ambiente muito tenso os chilenos se aproximaram no primeiro dia útil após o surto dos protestos mais violentos desde o retorno à democracia em 1990, com o fim da ditadura de Augusto Pinochet
As autoridades não sabem ao certo quem está por trás dos atos de destruição. Suspeita-se de grupos anarquistas ou setores marginalizados da sociedade, embora existam criminosos que tiram proveito dessas situações para cometer delitos, destruindo a infraestrutura essencial para o funcionamento normal da cidade.
O metrô estima em 300 milhões de dólares os danos sofridos em quase 100 estações que foram incendiadas ou roubadas. A linha 4 ficará fora de operação por pelo menos quatro meses.
“Reação do governo tem sido incompetente”
Em programas políticos de televisão e análises da imprensa chilena, muitos se perguntam por que o governo demorou tanto tempo para reagir e por que o presidente Piñera tem estado tão ausente, com apenas uma brevíssima aparição pública neste fim de semana em meio à crise.
O aumento do preço da passagem de metrô foi apenas o estopim, em um país onde os serviços básicos estão sendo privatizados, a previdência social é precária e um amplo setor da população está descontente com os privilégios de “alguns setores” da sociedade.
“Acredito que o governo entregou rapidamente o controle aos militares porque nunca teve o controle da situação. O que aconteceu não se via há mais de cinco décadas no Chile”, afirma Saavedra, que enxerga um futuro muito difícil para um governo que está somente há 19 meses no poder.
Para o especialista, “é difícil pensar em como eles poderão retomar o controle ou como serão capazes de dar alguma direção para a demanda dos cidadãos”.
Bellolio, por sua vez, afirma que o governo tem atuado de maneira muito desajeitada: limitou o problema a uma questão de ordem pública e perdeu uma oportunidade de ouro. “Quando Piñera anunciou o congelamento da tarifa do metrô no sábado, já era tarde demais”, um governo sem nenhuma habilidade e capacidade política.
O analista opina que a atuação do governo tem sido incompetente, negligente e ausente – e que a entrega do controle aos militares é um sinal disso. “Nessas circunstâncias, o Chile será capaz de organizar a reunião de cúpula da Apec?”
Bellolio duvida disso. “Não sabemos se essa violência é uma expressão catártica que morreu aqui ou se há células preparando mais protestos. Se o governo reagir agora, poderá ter a oportunidade de salvar a reunião de cúpula”, completa.
A Matrix (o SISTEMA de CONTROLE MENTAL): “A Matrix é um sistema de controle, NEO. Esse sistema é o nosso inimigo. Mas quando você está dentro dele, olha em volta, e o que você vê? Empresários, professores, advogados, políticos, carpinteiros, sacerdotes, homens e mulheres…
As mesmas mentes das pessoas que estamos tentando salvar. “Mas até que nós consigamos salvá-los, essas pessoas ainda serão parte desse sistema de controle e isso os transformam em nossos inimigos. Você precisa entender, a maioria dessas pessoas não está preparada para ser desconectada da Matrix de Controle Mental. E muitos deles estão tão habituados, tão desesperadamente dependentes do sistema, que eles vão lutar contra você para proteger o próprio sistema de controle que aprisiona suas mentes …”
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