sexta-feira, 18 de agosto de 2017

ORIGEM HISTÓRICA DOS NOMES DOS MESES DE NOSSO CALENDÁRIO


O calendário romano mais antigo é o do período do reinado de Rômulo, do século VIII a. C. Embora não se tenha certeza da existência histórica desse rei, sabe-se que o povo latino dominava a região situada à margem sul do Rio Tibre. Esse povo tinha um calendário de 10 meses, o que acarretava sérios conflitos com o ano solar, pois a soma de dias desses 10 meses totalizava 304. Veja-se a seguir os meses do Calendário de Romulus:
1.   Martius (31 dias)
2.   Aprilis (30 dias)
3.   Maius (31 dias)
4.   Iunius (30 dias)
5.   Quintilis (31 dias)
6.   Sextilis (30 dias)
7.   September (30 dias)
8.   October (31 dias)
9.   November (30 dias)
10.        December (30 dias)
No calendário atribuído a Rômulo, o mês denominado de Martius, correspondente em nosso calendário ao mês de março, tinha esse nome em homenagem ao deus da guerra Marte. O mês seguinte, Aprilis, o segundo alguns estudiosos provém do verbo latino aperire, cujo sentido é abrir. Seria uma referência à abertura das flores ou de algumas colheitas. Porém, há outra versão que crê estar esse nome relacionado com Apru, divindade etrusca que corresponderia à Afrodite grega e à Vênus romana.
Maius estaria relacionado à deusa Maia, que é a deusa da fecundidade e da energia vital e da primavera, ver em latim. Maiestas, que originou o termo majestade, personifica o despertar da natureza na primavera e o renascimento das folhas e o desabrochar das flores; veio tornar-se a mentora de seu filho Mercúrio. Maio é o belo mês das flores no hemisfério norte.
Identificada como Fauna, uma divindade regional da península itálica. Maia era uma deusa de origem grega. Fauna é conhecida como a “Bona Dea”, a boa deusa. Maia pode ser equivalente à uma velha deusa da Primavera dos primeiros povos itálicos. Maia Maiestas é também a fértil estação das chuvas, e possivelmente fosse a mais bela das Plêiades.
Seu nome significa, em sentido literal, pequena mãe, hipocorístico tradicionalmente dado a uma mulher idosa, uma avó, também às amas de leite, bem como às parteiras.
O nome Junius tem sua origem na deusa Juno, esposa do poderoso Júpiter, chefe dos deuses romanos, correspondente ao Zeus grego. Juno equivale a Hera, na mitologia da Grécia clássica, esposa de Zeus. Esse mês, portanto, era dedicado à deusa Juno.
Os demais meses são originados dos numerais ordinais. Assim, Quintilis era o quinto mês do ano; Sextilis, o sexto; September, o sétimo; October, o oitavo; November, o nono; December o décimo.
Quando Numa Pompílio substitui Rômulo pela morte deste, propõe um novo calendário que não obrigasse à suspensão da contagem dos meses até o acerto do ano civil com o ano solar. Segundo os dados mais confiáveis, Numa teria reinado entre 715-673 a. C..
Para solucionar o problema do calendário, Numa Pompílio, promove uma alteração no calendário, acrescendo os meses de Ianuarius e Februarius no final do ano, após o mês de Decembris. Ianuarius era dedicado ao deus Iano (Jano, em latim eclesiástico). Era o deus de todos os começos e da própria porta. Era representado com dupla face: uma que cuidava do interior da casa e outra colada a essa, com a face para o outro lado, que da parte externa.
O mês de fevereiro, Februarium em latim, origina-se de, februum, as abluções dos mortos, que incluíam o ato de lavar e purificar o defunto. Nesse mês, ocorriam os festejos rememorando os antepassados falecidos. Assim ficou, então, o ano de Numa:
1.   Martius (31 dias)
2.   Aprilis (29 dias)
3.   Maius (31 dias)
4.   Iunius (29 dias)
5.   Quintilis (31 dias)
6.   Sextilis (29 dias)
7.   September (29 dias)
8.   October (31 dias)
9.   November (29 dias)
10.        December (29 dias)
11.        Ianuarius (29 dias)
12.        Februarius (28 dias)
Esse calendário continha uma separação entre os dias fasti (propícios) e nefasti (não propícios). Os dies fasti eram aqueles em que se podiam tomar decisões públicas. Nos dies nefasti não era permitida decisão pública alguma.
O calendário de Numa tinha, então, doze meses e 355 dias, ainda não era muito exato, porém, aproximava-se mais do ano solar. O monarca afirmava ter sido inspirado pela ninfa Egéria que lhe indicara as principais modificações. O longo reinado de Numa estendeu-se de 715 a 673 a. C., ou seja, quase 42 anos.
Assim, o ano, nesse calendário, iniciava no dia primeiro de março e terminava no dia 28 de fevereiro. Os meses do ano no Calendário de Numa Pompílio eram: Martius, Aprilis, Maius, Junius, Quinctilis,  Sextilis, September, October, November, December, Januarius e Februarius.
Como os romanos precisavam ter de memória os dias do mês, uma vez que eram raríssimos os calendários escritos, os meses dividiam-se em três partes:
1)   As Calendas - (Kalendae) - primeiro dia do mês, de onde a palavra calendário derivou. Os juros das dívidas eram atualizados nas calendas.
2)   As Nonas - (Nonae) dependendo do mês, podia ser o 5º ou o 7º dia; tradicionalmente o dia que correspondia à fase lunar de quarto crescente.
3)           Os Idos - (Idus) dependendo do mês, podia ser o 13º ou o 15º dia; tradicionalmente o dia de lua cheia.
Observações:
1)  Nos seguintes meses as nonas ocorriam ao 5º dia e os idos ao 13º dia: Janeiro, fevereiro, abril, junho, agosto, setembro, novembro e dezembro.
2)   No entanto, nos  demais meses as nonas ocorriam ao 7º dia e os idos ao 15º dia: Março, maio, julho e outubro.
CALENDÁRIO JULIANO
O CALENDÁRIO DE NUMA ainda continha algumas imprecisões que eram compensadas no final de cada ano. Para solucionar esses impasses, o então cônsul romano Caio Júlio César contratou, no ano 46 a. C., o astrônomo Sosígenes de Alexandria para fazer os acertos necessários.
         Inspirado no calendário solar egípcio de 365 dias, o astrônomo propôs o acréscimo de um dia no ano, apenas de quatro em quatro anos. Por que este ano passou a chamar-se bissexto? Porque o astrônomo resolveu contar duas vezes o sexto dia antes das calendas de março. Contava-se ante diem sextum Kalendas Martias e, em seguida, ante diem BIS SEXTUM Kalendas Martias. Esse sexto dia para as calendas de março, corresponderia ao nosso dia 24 de fevereiro. Eles contavam, com esse processo, duas vezes o correspondente ao dia 24 de fevereiro, que, no calendário deles, era o sexto dia antes do dia primeiro de março. Por isso, esse ano a que se acrescia um dia passou a chamar-se de bissexto, ou seja, o que contava duas vezes o sexto dia antes de do primeiro dia de março.
Por que março? Esquecia-me de dizer que o astrônomo de César transferira os meses de Ianuarius e Febriarius para o início do ano, antes do mês de Março. Como se pode perceber pelo calendário abaixo, o calendário proposto por Sosígenes modificou também o número de dias para cada mês, em relação ao calendário de Numa. Desse modo, os numerais restantes do ano perderam todo o sentido. O Quintilis, que era o quinto mês no ano de Numa, passou a ser o sétimo no calendário de Júlio César, o mesmo ocorrendo com os demais meses ordinais. Assim, o ano juliano comum, com as mudanças do astrônomo, somava 365 dias, e o ano bissexto, 366.
Assim ficou a CALENDÁRIO JULIANO:
1.   Ianuarius (31)
2.   Februarius (28, 29 no ano bissexto)
3.   Martius (31)
4.   Aprilis (30)
5.   Maius (31)
6.   Iunius (30)
7.   Quintiles (31) (Julius, dedicado a Júlio César)
8.   Sextiles (31)(Augustus, dedicado ao imperador Augusto)
9.   September (30)
10.        October (31)
11.        November (30)
12.        December (31)
Com o assassinato de Júlio César nos idos de março de 44 a. C., ou seja, em 15 de março, o senado romano mudou o nome do mês quintilis para Iulius. O mesmo se deu com o imperador Augusto: o sextilis passou a chamar-se augustus.
Porém, o calendário em uso na maior parte do mundo é o calendário cristão proposto pelo papa Gregório XIII, conhecido como Calendário Gregoriano.
CALENDÁRIO GREGORIANO
Promulgado pelo Papa Gregório XIII, em 1582, é praticamente o calendário empregado na maioria das nações, hoje. Não teve aceitação imediata por todos os países. Primeiramente, foi adotado pelos governantes católicos europeus. Os povos de religião luterana e anglicana adotaram esse calendário mais tardiamente, somente assumiram o Calendário Gregoriano no século XVIII e, assim mesmo, nem todos no mesmo ano.
Nesse período de efervescência cultural e científica, marcado pela existência de grandes sábios como o iluminado Leonardo da Vinci, havia uma pressão sobre a Igreja, substituta do antigo Império Romano na condução das organizações mundiais, a fim de que aperfeiçoasse o calendário, pois já se tinha condições científicas para tal.
Diversos astrônomos aconselhavam o papa a proceder uma reforma no velho calendário romano, que se mantinha inalterado já havia mais de um milênio e meio. Acontece que, com o passar dos tempos, o calendário já somava uma diferença de dez dias em relação ao ano solar. Precisavam fazer o equinócio da primavera na região norte retornar para o dia 21 de março.
Valeu-se, então, o papa do auxílio do sábio matemático alemão, o jesuíta Christopher Clavius, e do astrônomo, filósofo e médico italiano Luigi Lilio ou Giglio, que recalcularam o calendário.
O papa emitiu uma bula intitulada Inter Gravíssimas em que se instituiu o novo calendário. Na prática, suspendeu-se a contagem do ano e deixaram de existir os dias do intervalo entre 4  e 15 de outubro de 1582. (os dias de 5 inclusive a 14 inclusive deixaram de existir naquele ano). Na realidade, o dia 4 de outubro, uma quinta-feira, prolongou-se até o dia 15 de outubro, que passou a ser sexta-feira.
Por outro lado, nos países católicos, a Páscoa passou a comemorar-se por um novo critério, seguindo um processo lunissolar. As chamadas festas móveis como o carnaval, a quaresma, a Semana Santa, Pentecostes (50 dias depois da Páscoa), Santíssima trindade, Corpus Christi, todas comemorações que se relacionam com uma única festa, a comemoração da Ressurreição de Cristo ou Páscoa, passaram a reger-se por esse mesmo critério.
Uma grande contribuição do calendário gregoriano é a eliminação de, pelo menos um ano bissexto, em cada 400 anos. De fato, há regras matemáticas que indicam as exceções em que o quarto ano a partir do bissexto anterior não é bissexto, ou seja, fevereiro não tem 29 dias e o ano não tem 366 dias. São elas:
A primeira exceção é que, além de ser múltiplo de 4, deve também sê-lo de 100, assim, deixa de ser bissexto. É o caso do ano 2100.
E a segunda exceção é que se for múltiplo de 4, de 100 e também de 400, então é bissexto. Um exemplo foi o ano 2000. Por exemplo, o ano de 1914 não foi bissexto e o ano de 2114 também não o será, uma vez que não são múltiplos de 4, porém, o ano de 2004 foi ano bissexto pois é múltiplo de 4 e atende a todos os critérios matemáticos da regra.
A Igreja Cristã Ortodoxa, porém, herdeira da cristandade do Império Romano do Oriente, que se prolongou até o domínio turco otomano em 1453, ainda emprega o Calendário Juliano.
O Calendário Gregoriano é apenas um aprimoramento do Calendário Juliano, do primeiro século a. C., orientado pelas novas conquistas matemáticas e astronômicas de mais de mil e quinhentos anos de evolução.

A Revolução Francesa de 1789 promoveu um calendário decimal que não vingou. Embora o calendário gregoriano seja utilizado na maior parte do mundo, e em todos os países ocidentais, existem países que não o aplicam como é o caso da China, Israel, Irão, Índia, Bangladesh, Paquistão, Argélia.

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