Muitos ainda desconhecem que houve, na Rússia do século XIX, um grande escritor de origem negra. Pois se trata, nada mais nada menos, do que do grande romancista e poeta Alexander Pushkin, que é para seu país o que são Dante para a Itália, Shakespeare para a Inglaterra, Cervantes para a Espanha ou Camões para Portugal
Como é sabido, foi narrador e poeta da era romântica russa, chegando mesmo a ser considerado, por parte da crítica, como o maior poeta russo. Mas isso tudo a respeito do ilustre escritor é sobejamente conhecido.
O detalhe, importante para os movimentos anti-racistas, é o fato de ele ser descendente de um negro. Os próprios russos escondem esse fato. Em muitas biografias não é citado esse ascendente africano.
Segundo certa tradição, Pedro, o grande, que reinou na Rússia de 1682 a 1725, estava em Londres, junto à corte inglesa, para negociações de reforma e reposição da frota naval russa e teria se encantado com um menino africano que vivia no palácio de Jaime II.
Teria recebido a criança, por doação, após insistentes pedidos e a conduzido para a corte russa, que, nesse tempo, tinha sua sede em São Petersburgo. Aliás, esse nome se deve ao grande rei Pedro I, que ampliou as fronteiras do norte russo.
Há outras versões, como a de que o menino se originaria do norte de Camarões e teria sido vendido ao embaixador russo na Turquia, cujo sobrenome era Tolstoi. Esse, por seu lado, seria avô do renomado escritor russo Leon Nikolaievitch Tolstoi.
Seja qual for sua origem verdadeira, aconteceu que foi apadrinhado de Pedro I da Rússia, que o enviou para estudar em Paris. Esse seria o bisavô de Pushkin pelo lado materno.
Na capital francesa, frequentou L’École d´Artillerie de La Fère,para estudar arte militar. Retornando a São Petersburgo, ingressa no exército russo, chegando ao grau de general. Segundo alguns, teria chegado mesmo ao comando do exército russo. Recebera o nome soviético de Abram Petrovitch Hannibal.
Esse foi seu caminho para a nobreza. Seguiu, primeiramente, da França para a Espanha, lutando na guerra da sucessão, já no posto de capitão. De retorno à Rússia, casou-se com uma condessa. A avó do poeta, Nadezda Ossipovna Hannibala, originou-se desse casamento.
Continuou a família do grande escritor a fazer parte da nobreza russa. Sua filha, Natália Alexandrovna Pushkin, casou-se com um aristocrata da família Nassau.
Pushkin faleceu em conseqüência de um duelo, em razão de suposta infidelidade da esposa, com um oficial do exército russo, tendo o poeta apenas 38 anos de idade.
Seu sobrenome provém de um título de nobreza da família. A maioria dos estudiosos da história russa apagou os traços da origem africana do bisavô materno do poeta, numa evidente atitude racista.
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